Verdade
SÃO GONÇALO DE AFETOS
Por Paulinho Freitas
São Gonçalo não é para amadores. Tem coisas que eu teimo em não acreditar, mas salta-me aos olhos a realidade dos fatos.
Começo vendo os anjos de Deus distribuindo quentinhas, na hora do almoço, aos que nada tem e que vivem perambulado pelo centro da cidade. Em cada um que abre sua marmita, vejo um sorriso de satisfação pelo cardápio oferecido e a felicidade de ter uma refeição digna por mais um dia. Eu ando meio descrente das coisas de Deus, mas não posso negar sua existência depois de ver essas cenas. Porém, discordo do tratamento diferente que ele dá a uns privilegiados, que na minha insignificante opinião, nada fazem para merecer este tratamento e que dá a outros, muitas vezes que já nasceram miseráveis, frutos da maldade e da indiferença dos injustamente abastados.
Num grupo de pessoas que foram agraciados com a refeição, sobressai uma que ao invés de alimentar o corpo para o espírito pensar melhor, tenta vender sua quentinha por uns trocados a um que não recebeu a refeição, para comprar aquilo que o faz sair, por alguns minutos da realidade. Aqueles que ocupam cargos de grande poder e o usam para beneficiar a si e aos seus, se igualam aquela pessoa que se beneficia da fome alheia para saciar seu vício. É uma questão de oportunidade.
Ainda divagando sobre o que acabo de presenciar, chego a um setor da prefeitura para tentar resolver um problema. Assim que cumprimento a recepcionista, uma senhora saída não sei de onde, me atropela com o corpo e suas palavras fazem o mesmo com a trabalhadora à minha frente. Reclama na demora no atendimento no outro setor e da falta de educação (?) com que foi tratada. Falou, sem respirar por quase um minuto e só não agrediu a funcionária porque esta, se manteve em posição submissa até poder falar, baixo e educadamente, que a pessoa estava na seção errada e indicou o local correto e o nome da pessoa com quem ela deveria falar. Eu e a atendente tivemos que sorver um bom copo de água cada um para podermos continuar o atendimento, felizmente, resolvi meu problema.
Não queria falar de política, aliás não vou falar dela, vou falar sobre quem trabalha para ela.
Desci do ônibus e venho pela calçada a caminho de casa. Vou tentando me desvencilhar das bandeiras, estampadas com números de partidos e tentando explicar aos distribuidores de santinhos, que já tenho em quem votar, quando avisto uma dessas pessoas. Ao invés de distribuir os santinhos, fez uns pequenos bolinhos de papel e os estava queimando, sob o risco de causar mais um incêndio, embora pequeno, mas de grande risco aos imóveis vizinhos.
Quando ela viu meu olhar de reprovação, sorriu, como uma criança levada que fez arte. Cheguei em casa e me joguei no sofá, com o corpo parecendo pesar toneladas, de tanta energia negativa absorvida nessa saída que dei. Deus deve se perguntar todos os dias no porque teve a bendita ideia de criar seres humanos, procurou foi sarna para se coçar. E achou. Tem coisas que a gente vê esse povo fazer, que nem ele acredita, mas é verdade.
Ah meu São Gonçalo! Protegei os filhos de tua terra!
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Paulinho Freitas é sambista, compositor e escritor.