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Veneno na chuva: estudo da Unicamp revela contaminação por agrotóxicos em SP

Entre substâncias encontradas, foram identificadas algumas proibidas; cidades agrícolas têm maior concentração


Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelou que a água da chuva em pelo menos três regiões do estado de São Paulo está contaminada por venenos agrícolas, incluindo substâncias proibidas no Brasil. Foram encontradas 14 moléculas de agrotóxicos em amostras coletadas em Campinas, Brotas e na capital paulista. Entre elas, a atrazina, usada em larga escala pelo agronegócio no país, foi identificada em 100% das coletas.

Campinas, onde quase metade do território é ocupado por lavouras, apresentou as maiores concentrações de veneno na chuva: 701 microgramas por metro quadrado. Em Brotas, onde os cultivos agrícolas ocupam 30% da cidade, a média foi de 680; já em São Paulo, menos agrícola (7%), os índices chegaram a 223. Ou seja, as análises mostram que a presença dos compostos tóxicos acompanha diretamente a intensidade do uso agrícola nas regiões.


“Na aplicação, parte dos pesticidas se volatilizam e se adere a partículas presentes na atmosfera, daí são levados para diferentes regiões e carregadas pela chuva. Então a ideia de que a água da chuva é limpa não é verdade”, explica Cassiana Montagner, pesquisadora do Instituto de Química da Unicamp e coordenadora da pesquisa. “Os níveis são semelhantes aos encontrados em rios. É recomendado ter cautela ao usar água de chuva para o abastecimento público, por exemplo, porque as concentrações também podem estar em níveis de causar algum efeito para a saúde humana e de animais”, alerta.

Além da atrazina, o estudo identificou a presença do carbendazim, veneno banido no Brasil em 2022, mas que ainda aparece em 88% das amostras. Em Brotas, o 2,4-D, ligado à infertilidade humana e proibido no país desde 2023, foi o mais encontrado. O fipronil, tóxico para abelhas e já vetado na União Europeia e nos Estados Unidos, apareceu em mais de dois terços das coletas.


O estudo foi publicado na revista científica Chemosphere e reforça os riscos do uso desenfreado desses venenos no campo. Os dados preocupam ainda mais diante do aumento do uso da água de chuva por populações afetadas por crises hídricas. Embora algumas substâncias estejam abaixo dos limites legais para água potável, muitas sequer têm padrões de segurança definidos, e a exposição crônica a elas pode causar danos irreversíveis.


“É um estudo preliminar, é preciso que haja outros trabalhos para avaliar impactos do que descobrimos, considerando a atmosfera como mais uma ponte de proliferação dessas substâncias. Quando pensamos no ambiente aquático, os efeitos relacionados à presença dos pesticidas nesses níveis de concentração são obtidos a longo prazo”, destaca Montagner. As declarações da pesquisadora foram feitas em entrevista à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).



*Com informações Brasil de Fato

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