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'Vamos tirar a p* toda': 4 anos depois da frase, pesadelo das barricadas piorou em SG



Prefeito Nelson Ruas (PL) prometeu acabar com os bloqueios do crime que atormentam os gonçalenses, mas falhou miseravelmente. Pelo menos 30% do território do município é controlado por bandidos


Por Cláudio Figueiras


Nas eleições de 2020, o então candidato capitão Nelson (PL) ficou famoso ao responder uma pergunta de um eleitor sobre as barricadas: "Vamos retirar a porra toda!", disse o capitão, que viria a se tornar prefeito batendo por apenas 6 mil votos o adversário Dimas Gadelha (PT).



Quatro anos depois, o seu adversário na disputa em São Gonçalo é o mesmo, assim como a realidade das barricadas, mais de mil delas presentes em ao menos 26 bairros da cidade, segundo o Disque Denúncia, fazendo com que 30% do território do município esteja nas mãos de criminosos.


Em regiões como de Itaoca, existe até cancela na estrada, com homens fortemente armados, que barram ou liberam o acesso à histórica Praia da Luz, hoje conhecida como "Resort do CV".



O bairro que mais sofre com esses bloqueios do crime é o Jardim Catarina, o mais populoso de São Gonçalo. São ao menos 247 barricadas espalhados em diversos pontos de entrada e saída do bairro pela BR-101 e RJ 106, além de sua distribuição interna formar verdadeiros condomínios informais onde traficantes se utilizam do espaço para promover eventos de lazer e bailes funk que podem durar até uma semana inteira.


O mais recente desses bailes ficou famoso pela comemoração do aniversário do chefe do tráfico local, Paulo Gabriel Malafaia da Silva, o "GB do Catarina", preso nesta semana numa mansão em Búzios, enquanto se escondia da operação da Polícia realizada nas regiões do Salgueiro e Jardim Catarina. O traficante promoveu uma "festa de arromba" com mais de 50 marginais fortemente armados com fuzis.


Os prejuízos econômicos e sociais para o município são incalculáveis. Moradores não conseguem acesso ao transporte por aplicativos, só possível caminhando mais de 1km em alguns casos, depois de uma rotina de cancelamentos.


Proprietários de imóveis vendem suas casas a preços irrisórios para não saírem sem nada do lugar onde, em muitos casos, são nascidos e criados.



"Eu quero sumir dessa cidade, não aguento mais tanta humilhação", disse M.L., moradora da rua Itambacuri, no Jardim Catarina, mãe de três filhos que conhecia a professora morta após operação da polícia na semana passada que deixou mais de 2.5 mil estudantes sem aula.

São Gonçalo tem a segunda pior educação do estado, à frente apenas de Japeri. E mais da metade dos jovens que encerram o ensino fundamental são analfabetos. Os dois dados foram fornecidos pelo MEC.


Segundo levantamento do jornal A Tribuna, o Disque Denúncia registrou de janeiro a agosto de 2020, 1.071 ligações denunciando os bloqueios nas vias por criminosos. Já em 2024, já foram 1.183 denuncias de instalação de barricadas nas ruas da cidade.


Ou seja, além do prefeito não ter tirado a p* toda, o problema não apenas persiste, mas piorou, sendo o pior do estado, superando a capital Rio de Janeiro.



Indagado sobre o assunto pela A Tribuna, Nelson disse apenas que vai continuar e ampliar programas e parcerias criados em sua gestão, além da ampliação da Central de Segurança, que funciona, basicamente, nas regiões centrais da cidade onde não existe o problema das barricadas.


Já Dimas Gadelha, citado no início da matéria, disse que enquanto o município não investir de fato nas pessoas, sobretudo com educação e esporte, o problema vai continuar.


"Essa luta de eterno confronto é burra e dá errado há mais de 40 anos. Precisamos pôr fim a esse ciclo de violência trabalhando com inteligência na segurança pública e ganhar o jovem da comunidade desde cedo com creche e escola em tempo integral. Não é com bravatas e frases de efeito que vamos resolver esse problema", disse Dimas ao Daki.


Censo 2022 do IBGE constatou a saída de mais de 100 mil moradores de São Gonçalo nos últimos 10 anos. De 1 milhão de habitantes, agora o município possui 887 mil moradores.


Especialistas afirmam que o "êxodo" gonçalense aconteceu em busca de qualidade de vida, principalmente mais segurança e oportunidades de emprego e educação para os filhos.

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