Uma segunda-feira imersa em melancolia
Por Helcio Albano
Melancolia. Não sei se acordei já imerso nela ou se fui me tornando melancólico à medida que fui avançando no noticiário matinal desta segunda-feira (15). Então, vejamos.
O fracasso do Rio de Janeiro nos esbofeteou de vez a cara com o anúncio da recuperação judicial da Light. O estado, o primeiro a se oferecer bovinamente como laboratório neoliberal de privatização de empresas públicas, chega aos seus estertores finais após outras concessionárias como Enel, Supervia, CCR-Barcas, BRT e Galeão anunciarem intenção de meter o pé das operações.
E triste é saber que ainda teremos que aturar a Águas do Rio por mais 30 anos pra enfim nos darmos conta de uma obviedade ululante: a de que serviços públicos não admitem a lógica da prevalência do lucro privado sobre o bem-estar coletivo.
E mais triste ainda quando se sabe que não existe ambiente político concreto pra se mudar esse estado de coisas. A esquerda no Rio perdeu os dentes e a população já chutou o balde há muito tempo.
Seguindo o noticiário, mais desalento: Micheque foi pega em outra rachadinha. "E daí, poha!?", diria o excrementíssimo com coro muar do gado.
Gastos com generais e parentada superam os com soldados; polícia matando polícia; adolescente de 12 anos leva tiro na cabeça indo pra escola no Jardim Catarina; a cultura "bet" de apostas contaminou irreversivelmente o futebol brasileiro - o Vasco perdeu, de novo, em São Januário - e, Lula, não sabe como nos tirar do buraco que fomos enfiados.
O presidente está "triste e ansioso" com o esvaziamento dos poderes da presidência nos últimos anos, segundo a jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo.
Tomara que a melancolia não vire depressão.
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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.