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Foto do escritorJornal Daki

Uma nova vida no Recife, por Cristiana Souza


A mulher desse domingo é a Patrícia, 35 anos, que aos 14 sofreu abuso sexual de um homem próximo a sua família; dessa violência ela engravidou. Seus pais possuindo uma convicção religiosa não cogitaram a possibilidade da interrupção dessa gravidez, apesar de não ser o desejo de sua filha em ser mãe, sobretudo sendo consequência de uma violação do seu corpo.


A gestação foi de risco, angústia, tristeza e revolta para Patrícia, pois sua adolescência fora usurpada e marcada por uma violência imensurável.

Após o nascimento da criança, Patrícia teve depressão pós parto e manifestou ainda na maternidade o desejo de entregar o bebê para adoção. Mais uma vez seus pais foram contrários a sua decisão, não lhe dando o direito de escolha.


Os anos foram passando e Patrícia não conseguiu construir uma relação maternal com a criança, a deixando sob os cuidados de terceiros.


Um certo dia essa mulher decidiu ir embora para um lugar onde ninguém conhecesse a sua trágica história; seu desejo era de um recomeço e de poder ressignificar sua vida.


Comprou uma passagem com destino ao Recife, Pernambuco, e acreditava que naquele lugar poderia ser a mulher que gritava dentro dela por liberdade e assim poder fazer suas próprias escolhas, algo que no passado lhe fora negado.

Os primeiros anos foram de austeridade e exigiu de Patrícia muita coragem.


Ela voltou a estudar e passou no vestibular para fazer o curso de filosofia. Na universidade conheceu um grupo de mulheres feministas e se encontrou na luta das mulheres por direitos iguais e pelo combate à violência.


Após um longo período sem ter notícias daquela menina gerada em seu ventre, Patrícia a reencontrou, e ao vê-la como uma mulher, se libertou da dor que a acompanhou por muito tempo.

Essa breve história foi para falar o quanto é necessário o debate acerca da legalização do aborto, da entrega legalmente permitida de uma criança para adoção, bem como da luta ao combate à violência contra a criança, adolescente e mulher.


No dia 08 de março não precisamos de flores. Precisamos que deixem de nos violentar e matar por nosso gênero; que a nossa luta por igualdade de direitos seja reconhecida e validada e que tenhamos uma sociedade mais justa e igualitária.


Feliz dia de luta, Mulheres!

Cristiana Souza é Assistente Social.






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