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Um, dois, três e já!



Por D.Freitas


Odeio correr. De todos os exercícios físicos que não gosto, correr é de longe o topo do pódio. Não vejo graça e não vejo necessidade. Bom.... não via até minha última visita ao cardiologista recebi um "diagnóstico-sentença" que me obrigou a dar esse passo. 


Os passos de hoje me levam ao centro. Decidi que se eu for fazer algo que não gosto, pelo menos que eu faça de uma forma mais prazerosa e variada. Na primeira semana busquei tranquilidade ao correr na praia, na segunda busquei a sociabilização correndo em um grupo de corrida e hoje resolvi correr em um local movimentado, sozinho, mas acompanhado de histórias que capto no ar durante o curto tempo em que passo aos passos não tão acelerados.



Um moleque aparentemente novo acerta uma manobra de skate que aparentemente tentava há algumas quedas e todos os outros comemoram o estapeando e o abraçando, como se fosse uma final de campeonato. Talvez aquele momento valesse mais do que uma final de campeonato na vida daquelas pessoas. 


Dois caras de terno discutem sobre o almoço não tão bom assim do restaurante da esquina que caiu de qualidade enquanto um terceiro zomba que eles só estão reclamando pois demitiram uma das atendentes, linda, que os dois eram platonicamente apaixonados. 



Três seres caminham nas ruas lado a lado. Um homem, uma mulher e um gato preto com pintas entre ambos. Inicialmente imagino que o casal teria sido recém adotado pelo animal, mas em seguida percebo que ele está acostumado com esse passeio e com aqueles dois. Acho curioso pois nunca tinha visto um gato que saía para passear, sem coleira, e não desse um perdido nos seus tutores. Tutores esses que nem parecem se preocupar com a fuga do bichano e bichano esse que realmente não parece preocupado em desaparecer. Principalmente pois está encantado pelas flores na mão da mulher. Que por sua vez parece encantada pela vida e sorri para o homem ao seu lado, que carrega uma câmera fotográfica pendurada em seu pescoço.  Distraída, ela não percebe que ele para e a deixa seguir alguns passos. Ele a fotografa antes que ela olhe por cima dos ombros. O homem também está encantado. Por ela, pelo que criou e pelo sorriso sincero, pelo momento que vive. 


Tomam o caminho para o metrô e só então percebo o meu próprio cansaço advindo da corrida e a cidade volta a se tornar caótica. Com pessoas nos celulares, carros buzinando e um motoqueiro avançando o sinal. 


A vida corre.


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Davi Freitas (D.Freitas) nasceu em São Gonçalo, cria da cultura gonçalense, desde sempre conviveu com músicos, poetas e escritores. autodidata, aprendeu violão e bateria sozinho e junto com o irmão Lucas Freitas fez algumas apresentações até ter, por motivos profissionais, que mudar de estado. Como escritor, participou, pela Editora Apologia Brasil da Antologia em Tempos Pandêmicos e inicia agora sua trajetória no mundo das crônicas e contos. 





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