São Gonçalo 445 anos: o que há de errado no brasão do município?
Por Helcio Albano
São Gonçalo - a terra do santo que não é santo, mas beato - faz neste sábado, 6 de abril, 445 anos. Sim, há 445 anos o Livro de Notas e Tombos registrava, no tabelionato da província do Rio de Janeiro, a doação das terras da "Banda D'além" ao sesmeiro Gonçalo Gonçalves, devoto daquele que, pelo menos, carrega "um santo nome", como nos ensina Rui Aniceto.
- Mas se São Gonçalo existe desde 1579, por que diabos ainda carrega em seu brasão data fundante de 1646 e comemora o 22 de setembro de 1890, como que aqui se iniciasse a sua história?
São Gonçalo teve um enrosco sério e traumático com Niterói iniciado em 1819, e que só terminou, de fato, em 1943, quando o Município retoma sua autonomia administrativa pagando, porém, um alto preço: cedendo em definitivo o distrito de Itaipu à cidade vizinha.
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Em 1890 houve um rearranjo republicano baseado numa nova ordem política e institucional, que criou o antigo estado do Rio, por exemplo. Dentro deste novo desenho, São Gonçalo foi emancipada. Decerto que com muitas idas e vindas, que obrigaram a classe política local ir à luta; luta esta que foi formando o ethos gonçalense no esforço de preservar o 22 de Setembro. Daí a sua importância no calendário como data festiva - e afetiva.
Mesmo sendo a data de criação da freguesia de São Gonçalo, o 1646 permanecer no brasão vai contra o que é ponto pacífico entre historiadores e a convenção adotada por outros municípios, que comemoram a sua fundação a partir do registro da sesmaria. O que não é o nosso caso.
Mas no brasão há outro erro, e grave: os pés de café e de cana estão em lugares trocados.
Hora de fazermos uma reforma, no brasão e na cidade...
Plus
O 6 de Abril, como mencionado aqui, é ponto pacífico entre pesquisadores e historiadores. O mais, ou melhor, a mais destacada deles, Maria Nelma Carvalho Braga, que por muitos anos teve como bandeira a adoção oficial desta data pelo Município. O que só viria ocorrer, via decreto, em 2019 no governo Nanci.
Bônus
Mas para ser definitivamente reconhecido - inclusive para que o 1579 seja incorporado ao brasão - o 6 de Abril deve virar projeto de lei, seja por iniciativa do Executivo ou do Legislativo, e aprovado na Câmara.
E, assim, espera-se que a verdade histórica seja estabelecida e incluída no maior símbolo do Município. Aproveitando o ensejo para que também seja desfeita patacoada histórica que coloca as culturas do café e do açúcar em períodos históricos trocados no brasão. O que é mais uma demanda da professora Maria Nelma.
Bônus-Track
O 6 de Abril para o governo Nelson Ruas (PL) vai passar como uma data qualquer, em brancas nuvens, sem ter merecido sequer menção em sua redes sociais.
Uma lástima.
Mas tem nada não!
Na segunda, 8 de abril, às 14h, estaremos firmes e fortes na Câmara de Vereadores comemorando a data junto com ela, a professora Maria Nelma, que receberá da mãos da vereadora Priscilla Canedo (PT) a honraria máxima do município, a Medalha Joaquim Lavoura.
Os presentes à solenidade poderão se deliciar com uma palestra proferida pela professora Maria Nelma sobre a história de São Gonçalo e ainda adquirir a 4ª edição do seu livro clássico que tive a honra de editar e escrever a orelha, O município de São Gonçalo e sua História (Apologia Brasil, 592 pags), que acaba de ser lançado.
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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.