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Solidariedade gonçalense, por Helcio Albano


Homens, mulheres e crianças em situação de rua sendo abordados por agentes da Prefeitura e voluntários/Foto: Divulgação
Homens, mulheres e crianças em situação de rua sendo abordados por agentes da Prefeitura e voluntários/Foto: Divulgação

Ah! As nossas tragédias e a finitude que nos une!


Um evento climático extremo está sendo responsável em esfregar na nossa cara que é possível, sim, sermos pessoas mais solidárias e humanas em nossa sofrida, mas - como agora se confirma - piedosa e generosa cidade.


Gentes de todas as classes sociais e ideologias; religiosas, agnósticas ou ateias, de governo ou oposição, se uniram numa corrente do bem para abrigar os malaventurados em situação de extremíssima vulnerabilidade social a ponto de não terem o básico do básico do básico que é um teto para se protegerem das noites de frio intenso como há muito tempo não se via na mil grau São Gonçalo.



Uma indignidade que, quero acreditar, resolvemos agora dar um fim abraçando sem medo os ensinamentos reais do Cristo, que andavam criminosamente deturpados ou convenientemente esquecidos pelos fariseus de sempre em nossa Galileia particular.



Foi a primeira vez depois de muito tempo que senti o ambiente mais leve. Onde uma causa social se transforma no principal vetor de mobilização de afetos de toda uma sociedade. Onde em vez da pauta da arma, do ódio e da destruição, entra pela fresta dos nossos espíritos a luz que nos renova a esperança. Com amor, acolhimento e um futuro possível de entendimentos, tolerância e senso de responsabilidade cidadã, essa coisa cringe que deu lugar a um individualismo burro e suicida.



A ação, que envolveu igrejas, governo e sociedade civil através de campanhas de doação de alimentos e vestuário, culminando na ampliação de abrigos temporários para pernoite, tirou da invisibilidade histórias de homens, mulheres e crianças que, acredite, desejam pra si compor um outro tipo de paisagem, não aquele do abandono, da sarjeta sob olhares frios, cínicos e mesquinhos de nosso tempo.


Não temos o direito de sucumbir ao desespero.


Plus

Douglas Ruas e Lecinho Bredas/Foto: Reprodução
Douglas Ruas e Lecinho Bredas/Foto: Reprodução

O presidente da Câmara de Vereadores, Lecinho Bredas (MDB), depois de um semestre tenso, quando quase o arrancam da Presidência, voltou do recesso parlamentar ainda mais governista, o que denota gratidão, porém mais do que aconselha a prudência e o decoro do cargo.


De cara, já meteu a maior honraria do município (Medalha Joaquim Lavoura) no pescoço do filho caçula do prefeito, o "menino prodígio" Douglas Ruas, secretário que, na prática, é o supergerente do governo Nelson Ruas (PL), que pavimenta sem nenhum constrangimento sua candidatura à Alerj em 2022 montado em R$ 900 milhões que virão da privatização da Cedae.


Aliás, pode isso Arnaldo?



Bônus

E por falar em honraria, o vereador Romario Regis (PCdoB) voltou do recesso animado e disposto a reforçar as velhas e mostrar as novas amizades que fez no primeiro semestre de mandato. E, com isso, deu o mapa definitivo de sua estratégia e atuação políticas para não restar mais dúvida por onde anda e para onde vai o garoto do Gradim.


O parlamentar, coerente com sua "orientação" regional, escolheu para homenagear com o Título de Mérito Legislativo Amigos da Cidade de São Gonçalo os vereadores Hadesh (PT/Maricá) e Luciano Lúcio (PSDB/Tanguá), a vereadora Walkíria Nictheroy (PCdoB/Niterói), a vereadora trans (Benny Briolly (Psol/Niterói), os prefeitos Rodrigo Medeiros (PP/Tanguá) e Eduardo Paes (PSD/Rio), o vice de Niterói, Paulo Bagueira (SDD), o presidente da Alerj André Ceciliano (PT) e o pré-candidato ao governo do estado, Rodrigo Neves (PDT).


Agora, é esperar para saber se esse mapa levará a alguma mina preciosa.


Por enquanto, fique com Fundo de Quintal e seu clássico A Amizade...


Bônus-track


Romario e Vinícius/Foto: Reprodução Facebook
Romario e Vinícius/Foto: Reprodução Facebook

E o, digamos, ecumenismo político-partidário de Romario Regis, e o seu jeito safo e independente de dialogar com variadas matizes ideológicas, tem chamado atenção do mainstream que comanda a cidade. Dando nome aos bois, o PL, que já vem sinalizando, inclusive pelo seu presidente, o deputado Altineu Cortes, que o comunista seria bem aceito no seio liberal.


Ontem, o vereador Vinícius, que há pouco pulou do SDD para o PL, fez um convite explícito, no meio da sessão, para Romario entrar na legenda. Com pilha serinha serinha do líder do governo, Cici Maldonado, que já acenava com a ficha de filiação.



Romario sobe à Tribuna, pede um aparte, e dá uma invertida nos colegas. Diz que sim, logo estariam juntos "no mesmo projeto eleitoral", PL e PCdoB, para derrotar Bolsonaro em 22. Citando a fala do primeiro vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), que se declarou oposição ao governo e ao presidente da república em seus "propósitos golpistas".


Desconcertado, Vinicius, um bolsonarista "tardio", desconversa e tenta consertar o mico dizendo que o convite, na verdade, é para fazer parte da base do governo Nelson...


Tá certo.

Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.





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