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Ser Feminista

Por Graciane Volotão


Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Depois de quatro anos da criação do Coletivo ELA - educação liberdade para aprender, comecei a elaborar melhor a apresentação deste coletivo no qual integro.


No início apresentava como coletivo de educadoras e educadores sociais. Hoje, toda vez que vou falar sobre o coletivo ELA, sempre trago a questão de que o coletivo ELA é um coletivo feminista e não um coletivo feminino.


O nome, ou melhor, a sigla ELA nos remete a imagem sempre feminina, porém neste coletivo todos os gêneros estão incluídos. Assim hoje digo que o coletivo ELA é um coletivo feminista, mas não um coletivo feminino. Qual a importância dessa simples colocação ao apresentar este coletivo?


Ao apresentar assim, entendemos hoje, que trata-se de um lugar, um lugar real, mas um lugar não muito falado pelas pessoas.


Muitas pensam que ser feminista é um papel do feminino, porém o coletivo apesar de ser uma palavra masculina, integram pessoas independentes do gênero.


Daí destaco neste texto a importância de falar sobre o feminismo para todos os gêneros em especial e sem excluir ou masculino.


Essa vontade, tornou-se uma necessidade diante das notícias que nos bombardeiam diariamente nas redes sociais. Há um lugar comum, mas não um lugar justo, onde homens pensam e emitem opiniões acerca do corpo feminino como objeto a ser consumido, desqualificado e a ser usado.


Nos últimos dias, chegamos a ver, circular nas redes sociais homens que utilizam corpos de mulheres mortas para saciar seu impulso sexual.



Foi assustador pensar que nem mesmo mortas temos sossego em relação aos nossos corpos. Diante de tantos vídeos bombardeando as redes sociais sobre o assunto encontrei uma postagem com prints da tal festa no IML.


Tamanha foi a minha repulsa ao ler os prints e as falas para além de machistas altamente desumanas e cruéis como as mulheres.


Desclassificam as mulheres, as chamando de chatas, de que não servem aos desejos dos homens, que se recusam a fazer sexo quando eles querem e que reclamam quando pegam mais forte ou batem.


Não bastassem os tais vídeos de como violar os corpos das mulheres mortas, o autor dos vídeos, também produziu um vídeo com sua filha a obrigando beijá-lo com "selinhos", ainda a constrange em frente à câmera dizendo que ela fica chateada quando ele quer deitar ao lado dela de "conchinha" e a faz falar que o corpo do pai é muito melhor que o do seu namorado de dezesseis anos.


Afirma, sem nenhum senso ou pudor, que gosta de apalpar as nádegas e puxar os cabelos de sua filha na frente das pessoas, debochando que as pessoas apenas esboçam surpresa e acham que o pai e a filha são namorados.


Precisamos lutar para que as meninas entendam que mesmo se tratando de ser seu pai, ele não pode violar seus corpos.


É por isso também que devemos incluir nos currículos escolares, aulas sobre violências domésticas, pois grande parte das violências sexuais acontecem dentro das próprias casas.

Neste sentido, entendo ser mais do que urgente tratar deste assunto principalmente com os homens.


O dia 6 de dezembro, a partir da Lei n° 11489/2007 foi instituído pelo presidente Lula como o Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da violência contra as mulheres. Desde a promulgação da lei até este ano, temos 16 anos de vigência. Ainda estamos no que é considerado período da puberdade, então, vale a pena investir e trabalhar firme para que os homens do nosso país amadureçam e se declarem sim, feministas, para uma sociedade mais humana e sem misoginia.


Nós, mulheres, também precisamos conversar mais sobre isso e entender o que nos une em relação a pauta feminista. É urgente que paremos de nos ver como inimigas e que paremos de educar nossas meninas e meninos perpetuando essa sociedade patriarcal.


Este artigo não representa a opinião do Jornal Daki e é de responsabilidade do colunista.


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Graciane Volotão é Pedagoga, professora supervisora educacional, servidora pública e doutoranda em educação na UFF e membra do Coletivo ELA – Educação Liberdade para Aprender e colaboradora da Coluna “Daki da Educação”, publicada às sextas.




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