Sem nem ao menos o básico, por Rafael Abreu
No Brasil faltam muitas coisas realmente, mas o básico mesmo nós não temos.
O saneamento é algo tão importante e tão distante de nós, que se perguntarmos para qualquer brasileiro, o que é saneamento básico? Ele não saberá definir e nem de quem cobrar.
Saneamento Básico é um conjunto de medidas e ações, que visam melhorar a vida e a saúde da população, além de reduzir os impactos ambientais causados por ela.
Segundo a Constituição de 88, o saneamento básico é de responsabilidade dos Governos Federal, Estadual e Municipal.
Geralmente quando a responsabilidade é de todos, ninguém faz a sua parte direito e fica sempre esperando o outro fazer algo primeiro. Isso é peculiar da natureza humana.
Mas se tratando de Saneamento Básico, todos precisam se envolver, eu disse TODOS! Principalmente a população, cabe a ela cobrar para que a sua cidade tenha o tratamento adequado da água, do esgoto, do lixo e da drenagem das águas da chuva.
É de responsabilidade dos Prefeitos, lutar por um programa de Saneamento Básico para suas cidades e cabe aos cidadãos apoiar, cobrar e colaborar fazendo a sua parte.
A lei de Saneamento é muito clara e nela diz que todas as cidades precisam criar um plano municipal de serviços de água, esgoto, e da drenagem das águas da chuva.
É através do Prefeito que parte o plano de ações de sua cidade, que após aprovação, o Governo Federal libera as verbas para as obras de Saneamento e tratamento do lixo.
Nós só percebemos o quanto o saneamento básico é importante, quando vem as fortes chuvas do início do ano. Quase todas as cidades brasileiras sofrem com alagamentos e com as cheias dos rios, que devido a grande quantidade de lixo que é jogada pelos moradores, acrescido da falta de dragagem e limpeza dos rios, por parte da prefeitura e pela falta de fiscalização por parte do INEA.
Os rios acabam enchendo rápido demais, pelo grande volume de água e ultrapassam os seus limites ganhando as ruas de toda cidade.
Isso sem mencionar, a falta de planejamento urbano e o crescimento desordenado das grandes cidades. Muitas habitações são irregulares e o escoamento não é eficiente pela quantidade de esgoto que é despejado diariamente. Essas tubulações foram construídas há muito tempo atrás para a realidade daquele tempo, os anos se passaram, a população cresceu e o investimento em saneamento diminui. Conclusão, caos ambiental e água contaminada.
Nas últimas semanas, os cariocas foram surpreendidos com a cor, o cheiro e o gosto da água "tratada", que saiu da Cedae para as torneiras dos consumidores.
"Era uma água barrenta e tinha gosto de terra." Descreveram os moradores da baixada.
O casal José Airton Amorim e Solange Soares, ambos desempregados, foram um dos primeiros a denunciar a situação da água vinda da estação de tratamento da Cedae no rio Guandu. O casal agora precisa escolher se compra água mineral ou comida, pois a água fornecida pela Cedae, não serve nem para tomar banho.
O que chega na estação do Guandu, nem é água para falar a verdade, aquilo é esgoto!
Somente após o tratamento dado a ele, que essa água vai para as torneiras dos consumidores.
Agora pasmem com essa notícia, a Cedae não gastou “um centavo sequer”; com o sistema de tratamento do Guandu em 2019.
O repórter da Globo, André Trigueiro, confirmou a informação com a própria companhia. Segundo ele, recursos para melhorias na distribuição de água e saneamento são do Fecam, o Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano, abastecido por royalties do petróleo. Segundo ele, dos R$ 708 milhões do fundo, apenas 15% chegaram a ser aplicados pelo governo do estado, mas nenhuma parte desse dinheiro foi investida em melhorias no setor.
Isso só nos leva a essa conclusão:
Houve negligência, houve sabotagem e houve muita irresponsabilidade e falta de respeito com a vida e o bem estar das pessoas.
Essa sabotagem que a Cedae vem sofrendo nos últimos 5 anos, vem muito da tentativa de privatização da companhia, pode acreditar.
Primeiro eles sucateiam o serviço, não abrem concursos públicos, não investem em tecnologia e qualificação profissional. Em seguida, eles fazem com que a população odeie a companhia e os serviços prestados por ela. Agindo assim, eles sabem que o povo aprovaria a privatização e logo pagaríamos pelo litro da nossa água, mais do que pagamos atualmente pelo litro do nosso combustível.
Já imaginou como isso seria?
Eu sou Rafael Abreu, colunista Daki.
Rafael Abreu faz análises de conjuntura politica nacional às quartas no Jornal Daki.