Santa Izabel e suas vocações para agricultura, por Romario Regis
Conheci Santa Izabel quando tinha 17 anos. Fui visitar um amigo e imediatamente me surpreendi com uma região da cidade que tinha uma característica totalmente diferente dos espaços que eu estava acostumado. No imaginário popular, Santa Izabel, Monjolos, Largo da Ideia e todos os bairros daquela região são um “fim do mundo” para se morar, mas esses lugares podem ser uma saída importante para a recuperação econômica da cidade.
É bem verdade que nunca tivemos grandes políticas públicas para o desenvolvimento da agricultura e pecuária em São Gonçalo. Tivemos alguns bons secretários que fizeram o possível para organizar algo, tivemos a UERJ/FFP com pesquisas importantes na área, mas nada estratégico (no sentido de ser um planejamento integrado). Lembro de alguns avanços por parte do ITERJ que tentou desenvolver a região e levar uma Universidade Federal para a Fazenda Engenho Novo, alguns Secretários Municipais dedicados, mas com pouca consolidação.
Santa Izabel pode ser um polo econômico importante para nossa cidade. A maioria da nossa arrecadação é através de IPTU,serviços e consumo. O IPTU tem alta taxa de inadimplência, a população não vê o retorno dos serviços no seu dia a dia e a arrecadação por consumo e serviços é suprimido por conta da gente gastar muito dinheiro fora do município, com isso, o ISS, imposto municipal, fica nas outras cidades (além da crescente informalidade decorrente da falta de políticas públicas de trabalho e renda).
Nessa região existe o desenvolvimento de sítios menores para a produção local, mas sem acesso à crédito, sem investimentos públicos (desoneração de imposto e/ou garantias de compras) e organização urbana para tal, a produção será sempre pulverizada e em pequena escala. Com isso, a região não consegue impactar significativamente a vida econômica do município.
Temos mais de um milhão de habitantes, muita gente comendo, circulando e pouca geração de riqueza a partir das nossas vocações. Não dá para fazer a cidade crescer sem dinheiro. O orçamento de São Gonçalo não chega a 1,5 bilhão de reais e o pouco do setor privado que restou na cidade está numa situação difícil por conta da crise econômica dos últimos anos, por conta da quebra do Estado e pela pouca capacidade de compra do consumidor.
Romario Regis é Gonçalense nascido no Mutuapira, consultor de comunicação e político. Como fundador da Agência PapaGoiaba e comunicador popular, tem procurado boas histórias sobre São Gonçalo para compartilhar com as pessoas.