São Gonçalo e o desempregado que conheci no zap
Por Helcio Albano
Sexta-feira é dia de plantão na redação do Daki. Pouco depois das 12h, uma pessoa entra em nosso zap procurando pelo Prof. Paulo, ex-vereador. Ele, um homem de 46 anos, morador do Catarina, buscava emprego. Está nessa luta desde 2020 com 15 anos de experiência em carteira assinada. Veio até nós pela internet, porque Paulinho o ajudou em 2013, quando conseguiu uma vaga no Partage e lá ficou até ser demitido no contexto da pandemia. Desde então, só porta fechada.
O orientei a procurar o Sine: "Tudo mentira!", disse. "Tá sempre vazio. E nunca tem nada. Anúncio de internet é tudo fake", complementou, depois de ter compartilhado com ele matéria do Daki de quarta (28) com oferta de emprego do Sine via release da prefeitura. As vagas eram pra pintor, carregador, soldador e carpinteiro, entre 20 e 55 anos.
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"Sai nas ruas e vê com os seus próprios olhos", me desafiou. "Esses dias (fui) em Alcântara. A galeria inteira fechada. Em pleno centro de Alcântara. Até o Mc Donald's fechou", me reportou, embasando o que já venho constatando na cidade: São Gonçalo está morta.
De Neves além-Centro, o que se vê são lojas fechadas, ruas e bairros vazios, onde o medo é tão denso que é possível tocá-lo no ar. A badalada noite gonçalense acabou, restando apenas casas de shows que existem só para o fisco, competindo com as farmácias como lavanderia do crime.
São Gonçalo é uma cidade triste, sem futuro no horizonte próximo. Como haverá futuro sem juventude? Analfabeta, abandonada à própria sorte estrangulada por barricadas?
Ai de ti, São Gonçalo.
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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.