Roberto Dinamite e a costela com agrião do meu pai no Pita
Por Helcio Albano
O ano: 1982. O campeonato? Carioca, numa época em que era muito mais importante que Brasileiro ou Libertadores. Jogar contra o Bangu em Moça Bonita, ou pegar o Madureira, na Rua Bariri, era bem mais emocionante do que encarar o Boca na Bomboneira. O Carioca era tão importante que fechava o calendário do futebol em dezembro.
O regulamento era diferente, mantendo-se apenas os dois turnos (Taças Guanabara e Rio) como conhecemos hoje. O Flamengo dos sonhos e supercampeão de Zico, Júnior e Cia. levou a Guanabara. E o timaço do América, de Luisinho e Elói, a Rio. Porém, o Vasco entrou no triangular final por ter somado mais pontos no cômputo geral.
Cruzmaltinos e rubro-negros bateram o diabo vermelho pelo mesmo placar (1x0) em dois jogos difíceis. E decidiriam o campeonato em confronto direto no último jogo do triangular, marcado para 5 de dezembro daquele ano no Maracanã.
No Pita, meu pai que me cantava, mas não impunha o seu amor incondicional ao Vasco da Gama e às façanhas de um tal Roberto Dinamite, naquele domingo, reuniu os amigos no seu bar à Pio Borges com Mentor Couto, tendo como atrativo a sua imbatível costela com agrião que fazia descer a Coreia, dentre eles um senhor chamado seu Wilson, que ficaria famoso no noticiário anos mais tarde. E também um tal de Silva, botafoguense, que vivia a me assediar tentando vestir em mim o seu manto alvinegro com a estrela solitária.
Falei pro meu pai: "o Vasco hoje vai vencer. E a partir de hoje sou Vasco da Gama".
Roberto, que hoje nos deixa, nasceu ali pra mim. E o que fez será eterno.
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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.