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'Quanto mais desconhecido o lugar, mais me interessa', diz Erick Bernardes, autor de Cambada

Escritor gonçalense, Erick Bernardes, lança 4º volume da série de histórias que conquistou os leitores


Por Rofa Araújo

Erick Bernardes/Foto: Acervo pessoal
Erick Bernardes/Foto: Acervo pessoal

Hoje temos a honra de entrevistar o escritor e professor Erick Bernardes, colunista do Jornal Daki.


Ele é Mestre em Estudos Literários pela Faculdade de Formação de Professores da UERJ e doutorando em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), é autor do livro Panapaná: contos sombrios e dos livros Cambada I, II e III: crônicas de papa-goiabas e do cordel Voz de prisão: Graciliano Ramos e as Memórias do cárcere. Também colabora com as Revistas Entre Poetas e Poesias e Suplemento Araçá, além de ser cronista do Jornal Daki. É acadêmico pesquisador e assessor de imprensa da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC) e acadêmico da AGLAC (Academia Gonçalense de Letras Artes e Cultura).


Estou sabendo que tem novidade por aí: o 4º volume do livro “Cambada”, uma série de grande sucesso, em especial no município de São Gonçalo.


Na verdade, é a primeira edição do quarto volume. É o Cambada IV na área, com mais quarenta textos sobre histórias, causos, curiosidades acerca de SG. A série tem agradado bastante ao público em geral. Eu gosto de usar uma linguagem fluida, como convém ao gênero cronístico. Muito do que tem no conteúdo do livro vem de narrativas oferecidas pelos próprios leitores, eu as escrevo e até ponho parte desses contribuidores como personagens das histórias ali contidas.



Como iniciou sua “curiosidade” de contar fatos históricos sobre a cidade gonçalense como nomes de bairros, personagens folclóricos e muitas outras?


Isso começou primeiramente porque eu mesmo, quando procurava, não achava textos tendo bairros e sub-bairros gonçalenses como base de enredo. Que dirá aqueles logradouros desprestigiados, por conta da população mais carente ser maioria ali. Gente pobre e trabalhadora também tem direito à fala. Pensei: se ninguém escreveu sobre esses lugares, está aí um espaço a ser preenchido. E é isso que tenho feito. A série Cambada oferece ao leitor histórias sobre lugares que nunca apareceram em livros, histórias de logradouros que estão sendo escritas pela primeira vez. Isso me motiva, quanto mais desconhecido o lugar, mais me interessa.


Mesmo com sua formação e trabalho como professor na área de Letras, essa “curiosidade” parece algo de jornalista e historiador...


Na verdade, a literatura faz girar os saberes. O escritor semiólogo Roland Barthes, em seu livro chamado Aula, postula que se todas as disciplinas tivessem que ser abolidas e ficar apenas uma, essa uma deveria ser a Literatura, pois congrega todos os saberes num só campo de conhecimento. Não há assunto que a literatura não possa abordar. Como professor de literatura me sinto confortável a transitar pela História e Jornalismo, ainda aproveito para usar estratégias de captação de atenção do leitor aprendidas da Estética da Recepção do teórico Hans Robert Jauss. As fronteiras do conhecimento para quem faz literatura são tênues, por vezes inexistentes.


Esse 4º volume de “Cambada” segue os moldes das demais ou tem algum diferencial? Por que na cor vede desse vez? É a que faltava?


Esse novo volume (número 4) segue o padrão de quarenta crônicas, no entanto, são textos inéditos, com narrativas sobre lugares ainda não explorados em livros, há inclusive experimentos com mistura de gêneros: crônica com resenha, crônica com conto, crônica com notícia e com fábula. Lembrando que as cores dos livros sempre simbolizam um tipo de caranguejo, desta vez a cor verde simboliza o caranguejo Uçá (Ucides Cordatus) que, embora não tenha uma cor específica, existe inclusive um ou outro da espécie na cor verde.


Qual o fato histórico mais curioso sobre a cidade que você descobriu até hoje?


Não consigo estipular um fato histórico mais curioso, eu tento explorar ao máximo as curiosidades da cidade. Mas tem uma que teria repercussão internacional se fosse explorada, a crônica “Os judeus da fazenda Monte Raso”. Incrível como o dono da fazenda escondeu dos investigadores nazistas dezenas de alemães judeus nas próprias dependências e pagou preço alto por isso. Outra crônica que acho interessante foi a fábrica de dinamite que existia em SG e foi fechada por motivos obscuros. Alguns textos possuem fontes históricas, outros decorrem de oralidades mesmo.


O que diria para o leitor sobre mais essa edição para aguçar sua curiosidade de adquirir e completar a coleção?


Bem, eu diria ao leitor que ele vai se surpreender, assim como foi surpresa pra mim, quando essas histórias chegaram aos meus ouvidos. Penso: se eu gosto de ler sobre o assunto, o leitor também vai gostar. É conhecimento histórico misturado a entretenimento, quem lê se diverte e aprende ao mesmo.


Quais os seus contatos para quem quiser entrar em contato, conhecer o escritor Erick Bernardes e suas obras?


Os livros estão disponíveis para venda pelo meu Whatsapp (21) 98571-9114 ou instagram @cambada123. Mas também podem ser adquiridos no site da editora e pelo tel/zap (21) 97124-4527 ou na Livraria Ler é Arte (21) 98474-6035. Acaso o leitor queira trocar uma ideia, conversar, bater-papo, eu gosto, só me chamar no Instagram cambada123 ou “zap” que a gente conversa.


*Rofa Rogerio Araujo é jornalista, escritor (cronista, contista e poeta), professor, palestrante, filósofo e teólogo.

 

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