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Quando resistir é um avanço: Sobre a difícil arte de ser professor

Por Aldaléa Figueiredo dos Santos


Foto: Divulgação
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Depois de mais de 30 anos de magistério público, ainda me encanto com a alegria de quem se descobre aprendendo e se transformando. As palavras de Carlos Rodrigues Brandão (2006), atribuídas a Paulo Freire, sempre tiveram uma reverberação intensa na minha prática cotidiana, sendo tomadas como uma filosofia que me orienta: “ A educação não transforma o mundo. A educação transforma as pessoas que transformam o mundo”.

Passei a compreender o contexto de termos uma Educação pautada nas questões sociais, respeitando a realidade e o contexto histórico, político e econômico vivido por meus estudantes. Passei a respeitá-los mais e, portanto, a pensar novas formas de dar aula. Quero pedir desculpas aos colegas, que por algum motivo tenha parecido que defendo mais os estudantes do que a minha classe profissional. Não concordar, e querer fazer diferente é uma forma de buscar caminhos que atinjam melhor a proposta pedagógica.


É muito difícil para o professor que busca transmitir conhecimento tal qual foi ensinado. Precisamos fazer com que o estudante se envolva no processo e construa o conhecimento, que só ocorre quando ele consegue atribuir algum sentido.



A questão é que cada vez menos, nós professores, temos momentos de estarmos juntos discutindo esses caminhos, estudando coletivamente, trocando experiências, desabafando sobre as dificuldades que nos congelam e muitas vezes nos tira a paciência. Assumimos mais turmas para mantermos o mesmo padrão de vida, tornando-nos exaustos e sem estímulo.


Neste contexto, uma das ações que tem contribuído bastante em minha experiência docente é receber os universitários para estágio na escola, a oportunidade de ser um mestre aprendiz. A contribuição para além dos conteúdos obrigatórios, uma formação crítica e estimuladora de um futuro melhor.


Nos momentos difíceis, lembro-me da metáfora do sentido da vida do clássico poema “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo e Neto. No último diálogo, às margens de um rio, conclui:


“...eu não sei se não vale mais saltar fora da ponte e da vida; … ela, a vida, a respondeu com sua presença viva. E não há melhor resposta que o espetáculo da vida.”


Segue assim o espetáculo da vida, assim como a educação, sem grandes explicações, para ser compartilhado e da melhor forma possível. A vida é uma grande escola em que aprendemos todos os dias.


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Professora do Colégio Municipal Ernani Faria, personagem narradora da área de Educação. Na UFF, trilhou a língua portuguesa e literaturas pelas Letras, a Linguística Aplicada, no Mestrado e a Educação e Imaginário, no Doutorado. Tem a estranha mania de não perder a fé e a paixão pela leitura, formação dos leitores e professores.




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