Precisamos enterrar de vez o lavourismo em São Gonçalo
Por Helcio Albano

Dona Josefina mora em Jardim Miriambi e ficou feliz da vida quando viu máquinas da Prefeitura na sua rua. Ela finalmente ia acabar com a rotina de barro grosso nos sapatos em dia de chuva. Era dezembro. A senhora de 70 anos, há 50 moradora do mesmo local, estranhou a quentura depois do asfalto agarrado ao chão. "Não importa", pensava. Era o preço a se pagar pelo fim do barro grosso nos pés.
Em fevereiro veio a chuva forte, e a água caudalosa que invadiu a sua casa arrancou tudo de Josefina. De uma vida inteira como doméstica e diarista em casa de bacana em Niterói. Nem funcionários da Prefeitura, nem o vereador da região, quiseram saber de Josefina, sobrando-lhe apenas a solidariedade de amigos e vizinhos com mesma desventura, ilusão e amargura com o "progresso" que só lhes trouxe desgraça.
Olegário, Maria, Aurora, e tantos outros com quem conversei em diversos bairros de São Gonçalo, sofrem o mesmo sofrimento de Josefina sob ação de um governo irresponsável que joga asfalto de qualquer jeito na rua. Sem um mínimo de infraestrutura de prevenção a alagamentos depois do solo impermeabilizado por uma massa asfáltica da espessura de um fio de cabelo que fatalmente irá se desprender do chão.
O povo não é otário.
Precisamos fazer uma reavaliação do mito fundante de nosso ethos político: o Lavourismo. Não é possível que asfalto e trator sejam os campeões do apelo político e eleitoral em São Gonçalo. Eu fico envergonhado com isso.
Nós devemos a Dona Josefina enterrar de uma vez por todas o lavourismo na cidade.
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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.
