Tarde da infâmia - por Helcio Albano
O governo Nelson Ruas (PL) enviou e conseguiu aprovar na Câmara de Vereadores o novo Plano de Carreira dos profissionais de ensino do município de São Gonçalo.
A proposta do Executivo, que faz alterações importantes no bom e velho Plano da categoria, existente desde 2004, foi aprovada à toque de caixa na sessão plenária desta terça (14) sem ter passado por nenhuma instância formal de discussão, o que gerou revolta entre os trabalhadores e tentativas, por parte de vereadores da oposição, de obstruir a votação através de manobras regimentais. Sem sucesso.
O rolo compressor passou forte, como se fosse na massa asfáltica da Av. Maricá, e aprovou o mostrengo por 23 votos a 4. A saber:
Votou SIM
Lecinho (MDB), Natan (REP), Vinicius (PL), Nem da Pank (PSL), Cici Maldonado (PL), Alexandre Gomes (PV), Mariola (POD), Alex Loreti (PRTB), Beto da Serraria (Avante), Magu dos Brinquedos (Avante), Bruno Porto (CID), Cláudionei Siqueira (REP), Diney Marins (CID), Evangelista Ubirajara (PP), Juan Oliveira (PL), Nelsinho (Avante), Pedro Pericar (PSL), Piero Cabral (PMB), Prof. Felipe Guarany (PRTB), Tião Nanci (PV) e Pablo da Água (PT).
Votou NÃO
Prof. Josemar (PSOL), Romario Regis (PCdoB), Priscila Canedo (PT) e Glauber Poubel (PSD).
Plus
Num esforço coordenado, os vereadores da oposição tentaram de tudo para barrar a apreciação da matéria no Plenário. Primeiro, na votação do requerimento de urgência, apelaram para o art. 117 do Regimento Interno, que prevê um prazo de 48 horas para que uma pauta seja debatida e votada em plenário.
A Mensagem só apareceu no Protocolo Geral na noite de segunda (13), menos de 24 horas entre a entrada do documento no sistema eletrônico da Câmara e a Sessão Plenária, que ocorria no dia seguinte.
Os argumentos, embora robustos, não sensibilizaram os pares, que aceitaram bovinamente o pedido de urgência e liquidaram o 1º round da luta parlamentar por 22 votos a favor do governo, com uma abstenção (Mariola) e quatro votos contra do quarteto de aço.
Agora faltava o 2º e último round já com desfecho inevitável após o resultado da primeira votação. E, num esforço quixotesco já imerso num estado de ebulição e de quase sublevação coletiva de parte a parte, o vereador Prof. Josemar tenta travar as discussões baseado num anacrônico art. 174 do mesmo regimento, que obriga os parlamentares participarem das votações de terno e gravata, com observância de quórum mínimo de 9 vereadores.
Pegos sem o acessório regimental, os edis dão um jeito e conseguem, às pressas, as gravatas. No improviso as enrolam no pescoço e sorriem para as lentes do vereador Romario Regis, que registrava a cena a fim de juntar elementos para uma possível derrubada da Sessão na Justiça.
É quando o trágico vira cômico até se transmutar em patético.
Ao vencedor, as gravatas.
Bônus
O líder do governo, Alexandre Gomes, e suas platitudes sinceras, foi o mais do mesmo na fatídica votação, mas deixou escapar uma coisa: não existe mais espaço para servidores com salários mais altos na Prefeitura porque o Ipasg quebra.
Tradução livre: "Não queremos mais servidores públicos em regime próprio de previdência, logo, a partir de agora só CLT ou terceirizado".
Bônus-Track
O Pablo da Água do PT - não o PT dos Trabalhadores, mas o do Trator, aquele que “tratora” os direitos dos trabalhadores gonçalenses a mando do capitão - novamente não decepcionou, a exemplo de quando votou pela entrega de título de cidadão gonçalense ao coisa ruim.
Pegou mal, e alguém do partido o convenceu a voltar atrás, mudar o voto e vida que segue. Assim o fez.
Mas dessa vez sua situação no partido ficou insustentável.
Bônus-Track 2
Assim que dei o ponto final na coluninha de hoje, recebo Nota Oficial da Executiva Estadual do PT comunicando o afastamento cautelar, por 90 dias, de Pablo da Água do partido. Sua situação agora será encaminhada e avaliada no Conselho de Ética.
Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.