Tamoio: destombamento e crime contra São Gonçalo
Editorial Jornal Daki
Neste sábado (19) nos deparamos com uma notícia muito triste, de que o Tamoio Futebol Clube pode ser destombado pelos vereadores para ser destruído e virar um mercado. Isso é um crime contra a cidade em muitas camadas.
O Tamoio é um dos ativos culturais e de lazer mais importantes de São Gonçalo. São mais de 100 anos de História profundamente vinculados à história da televisão e do carnaval no Rio e no Brasil que corre o risco de ser perdido para sempre.
Sob o comando da Prefeitura e de outros parceiros da cidade, daria para transformar o Clube num centro de memória e de fomento cultural, social e esportivo para gerar inclusão, emprego e renda, que atingiria muito mais que as 400 pessoas prometidas pelo novo empreendimento, que pode ser bem alocado em outro nobre local. A cidade desde já agradece.
Não faz sentido e é pouco inteligente criar um ativo destruindo outro ativo. São Gonçalo insiste nisso há muitos anos e o que vemos é mais empobrecimento sob a promessa de progresso. Vide as fazendas e portos, praças - sendo a mais famosa a Carlos Gianelli, no Alcântara -, o 3º BI e a icônica Casa de Zélio, em Neves, onde surgiu a Umbanda, que foram destruídos. A troco de quê? Para quem?
Não podemos novamente ser seduzidos por esse discurso fácil para tirar de nós um patrimônio que só nós temos. Devemos agora ter coragem para dizer não e barrar essa covardia contra São Gonçalo e os gonçalenses.
Esperamos que a condição frágil de alguns parlamentares na Câmara, que já se colocaram publicamente a favor do Tamoio de pé, não os acovarde nesse momento em que a cidade tanto precisa deles.
O projeto de lei para o destombamento do alvinegro centenário é do vereador Cacau (Cidadania) e deve ser analisado e votado na próxima quarta (23).
Detalhe: Lecinho Breda (MDB), presidente da Câmara, é autor do tombamento do Tamoio em 2017. O parlamentar impediu sua demolição em outubro de 2021, ocasião em que fez uma defesa apaixonada do patrimônio gonçalense.
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