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Foto do escritorJornal Daki

Por que é importante manter o Tamoio de pé - por Mário Lima Jr.


Complexo aquático do Tamoio/Foto: Reprodução Internet
Complexo aquático do Tamoio/Foto: Reprodução Internet

São Gonçalo precisa saber que coleciona realizações de destaque nacional e internacional. Do período colonial aos tempos atuais. Sem conhecimento da própria capacidade, os problemas que enfrenta mais parecem maldições intermináveis, quando aguardam a determinação e a ousadia tantas vezes aplicadas ao longo da história. Mesmo distante dos melhores dias, o Clube Tamoio é prova natural de que São Gonçalo pode ser nada menos do que palco principal da alegria carnavalesca brasileira, algo que causa inveja no mundo. O clube continua proporcionando valiosos momentos de felicidade para quem o frequenta, além de ter salvo a vida de inúmeros jovens com seus projetos sociais.





Despertar amor e orgulho pelo território nas futuras gerações não é tarefa fácil. Depende de explicações a respeito das origens do povo e de habilidades de abstração, algo que praticamos na escola. Um imóvel do tamanho do Tamoio na região central do município concretiza bastante qualquer explicação. Sem o clube, a vida municipal perderia outra parte da graça. Claro que São Gonçalo ainda poderia ser o que quisesse se o Tamoio fosse destruído pelo novo dono com uma retroescavadeira na última quinta-feira e dez contêineres para a venda de bebidas fossem instalados no lugar. Acontece que seria crime, como reconheceu o juiz substituto da 2ª Vara do Trabalho de São Gonçalo, Luiz Fernandes Luzes (Jornal Daki). Por lei, o Clube Tamoio é Patrimônio Histórico e Cultural. Qualquer acusação de abandono não muda a lei nem o fato de ser um patrimônio.



A quase derrubada do Tamoio – leiloado por R$ 2 milhões para pagamento de dívida trabalhista, embora seja avaliado em aproximadamente R$ 600 milhões – trouxe à tona absurdos com o intuito de justificar o crime. O Tamoio não é menos frequentado porque “os hábitos dos gonçalenses mudaram”. O clube conta com mais de 20 mil associados (A Tribuna). Os centros esportivos com campo de futebol, piscina e sinuca estão entre os locais mais disputados pelos gonçalenses hoje em dia, durante a semana inteira. Outra ilusão é insistir que o lucro empresarial é sinônimo de emprego, desenvolvimento e distribuição de renda. Ou que bastaria criar um condomínio no terreno do Tamoio para manter a classe média e seus impostos na cidade. Há terrenos vazios suficientes para exploração econômica, inclusive perto das regiões de maior infraestrutura, como em Alcântara.



Uma sociedade desenvolvida se constrói sobre espaços de confraternização, discussão e debate. Cidades inteligentes mantêm prédios novos e antigos em harmonia porque compreendem sua importância. O desaparecimento de elementos concretos que sustentem a memória gonçalense, que serve como motivação para a construção do futuro que o povo merece, levaria ao fim do resto de alma consciente encontrado nas ruas de São Gonçalo. Veríamos os gonçalenses abaixando a cabeça deprimidos e andando sem destino.

Mário Lima Jr. é escritor.




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