Políticos gonçalenses 'batem' em acordo de Castro com Águas do Rio que aumenta tarifa

A cobrança extra para compensar supostos erros encontrados no edital do leilão que vendeu a Cedae em 2021 passaria a valer já em 2025 e em 2026 atingindo 10 milhões de pessoas em 26 cidades do estado

Por Cláudio Figueiras

Foto: Reprodução

Na quarta (21) os fluminenses souberam, através de reportagem da Folha de S. Paulo, que o governador Cláudio Castro (PL) assinou um acordo com a Águas do Rio que libera aumento de tarifas fora do reajuste anual ao consumidor.

O motivo? Compensar supostos erros encontrados no edital do leilão que vendeu a Cedae em 2021.

A cobrança extra passaria a valer já em 2025 e em 2026 atingindo 10 milhões de pessoas em 26 cidades do estado.

A notícia impactou o mundo político e revoltou críticos da venda da Cedae, reforçando a percepção de que o leilão foi feito de "qualquer jeito" para atender interesses do grupo político ligado ao governador às vésperas das eleições de 2022, que o reconduziu ao cargo.

"Vender a concessão dos serviços de saneamento da Cedae, uma empresa pública lucrativa e com responsabilidade social, já foi um absurdo. E mais absurdo ainda quando sabemos que, na surdina, o governador beneficia a Águas do Rio por causa de um erro que o seu próprio governo cometeu para ajudar os amigos no processo eleitoral. Chega a ser inacreditável tanta irresponsabilidade e incompetência num governo só", disse o deputado federal Dimas Gadelha (PT), que se manifestou em seu Instagram.

O vereador gonçalense Romario Regis (PSB) também se manifestou em suas redes sociais, criticando a incoerência do governador e do seu partido, o PL.

"O governador do PL, partido contra imposto, da família e dos bons costumes e do prefeito de nossa cidade (capitão Nelson), vai aumentar a taxa de água e esgoto porque ele assinou com a Águas do Rio um termo em que ele assume que errou na concessão da Cedae. Em vez de assumir a responsabilidade, Castro joga o erro em cima da população, que vai ter que pagar a conta de sua incompetência", disse Romario.

O vereador eleito, Juliano Freitas (PT), também recorreu ao Instagram para manifestar sua indignação e crítica:

"Eles erram, mas quem vai pagar a conta somos nós! 💸 As concessionárias responsáveis pelo saneamento no estado do Rio agora querem reajustar as tarifas de água e esgoto, alegando "erros no edital" da privatização da Cedae. Um erro deles, e o peso vai direto para o bolso da população, que já sofre com contas altas e serviços que ainda deixam a desejar."

Do X (antigo Twitter) o deputado estadual Prof. Josemar (PSOL), fez coro aos colegas gonçalenses:

"É inacreditável que o governador Cláudio Castro assinou um termo de conciliação com a Águas do Rio, em que se compromete a reajustar (ainda mais) as tarifas de água e esgoto. Depois da privatização da Cedae, as contas de água subiram absurdamente e o serviço piorou. Agora o governador prepara mais um golpe contra a população!"

A empresa alega ter encontrado discrepâncias nos dados informados no edital e o que é real. Isso ocasionou, de acordo com a Águas do Rio, impactos econômico-financeiros com investimentos adicionais para alcançar a universalização dos serviços nos prazos fixados no edital e a redução de receitas com menos clientes para cobrar os serviços.

Diante dessa realidade, a concessionária ameaçou entrar na Justiça para não pagar a última parcela de R$ 3,8 bilhões restantes da outorga, de um total de 22,6 bilhões, paga ao estado e municípios de atuação da Águas do Rio.

São Gonçalo, por exemplo, recebeu R$ 1 bilhão pela concessão dos serviços de saneamento, que envolve distribuição de água, coleta e tratamento de esgoto.

Segundo o inacreditável governo Castro, os erros no edital "foram" e "não foram" reconhecidos. Se explica: foram reconhecidos para que os combalidos cofres do estado pudessem receber os R$ 3,8 bilhões da outorga, e ao mesmo tempo não foram, dando à agência reguladora da área (Agenersa) palavra final sobre o assunto, o que deve acontecer até outubro de 2025.

Além do aumento da tarifa, os "erros" vão custar o freio na expansão da rede de saneamento, e cobrança de coleta de esgoto através da rede pluvial de despejo dos resíduos nos rios e valões.

“O estado, para que não houvesse nenhuma discussão sobre o recebimento da outorga, assinou o termo de conciliação para que a Agenersa, ao longo de 2025, entendesse a divergência apontada pela concessionária, que, no entender do estado, não ocorre”, declarou Nicola Miccione, secretário da Casa Civil do estado.

"A conclusão é a seguinte: a venda da Cedae piorou o serviço, não salvou as contas do estado - que continuam no vermelho - e ainda por cima mostrou o quanto essa gente é despreparada para governar com seriedade e responsabilidade sobre coisas vitais para a população. Lamentável", finalizou Dimas.

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que fez a modelagem do processo de licitação, disse que os dados do edital foram baseados no Sistema Nacional de Informações sobre saneamento e na própria Cedae.

Com informações de g1.

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