Política ou politicagem?
Por Agni Shakti
Qual é a função de um político?
Especificamente um vereador, é eleito pelo povo para fiscalizar os atos do prefeito e todo executivo, apresentar projetos de leis e ações que beneficiam a população.
Quando digo beneficiar a população, falo da cidade como um todo, não a velha política coronelista em que se cria currais eleitorais.
A prática clientelista de ações de puxadinho d'água, remendo no asfalto mal feito, receita, exame e todos esses "favores" que colocam o eleitor em posição de procrastinação e devedores de gratidão, não podem mais.
De um modo geral, a maioria da população não sente interesse na política. Muitos porque estão acostumados a favores diretos e outros estão decepcionados com tais práticas, que nem ouvir sobre política querem.
Político não pode ser de estimação. Ele é pago pela cidade para trabalhar a favor do povo, não do governo, e muito menos em causa própria.
Um governo sem propostas de políticas públicas para crescimento da cidade, deixa a população refém do clientelismo.
Começar um mandato criando benefícios com reajustes salariais para o executivo, ou presentear vereadores com carros novos, é um termômetro para qualquer cidadão entender que ele não será prioridade. Gerar ônus para uma categoria com o discurso de aumento de receita para cobrir buracos orçamentários eleva a temperatura desse termômetro.
Foi aprovado na Câmara de São Gonçalo o reajuste dos servidores municipais de 11 para 14% da cidade de São Gonçalo como se fosse um grande avanço.
Em contrapartida aumentaram as gratificações para reuniões extraordinárias de secretários, subsecretários e cargos comissionados. Saquearam os servidores para beneficiar o executivo.
Era necessário fazer um censo do funcionalismo e ver quais funções são obsoletas, remanejar material humano e capacitar. O identificar o desperdício de recursos destinado ao grande cabide de emprego que passa de administração para administração. Os quais os direitos de barganha, adivinhem pertencem à quem? Aos vereadores que foram reeleitos, que detêm direito de nomeação.
Essa aprovação não beneficiou os servidores, nem a cidade e nem a população.
Mais de 70% do orçamento é devorado por salários, encargos, OS e prestadores de serviço. O que sobra para investir na cidade?
A cidade precisa empregabilidade, renda, sustentabilidade, estimular o consumo e ser capaz de gerar receita. Tributar servidores não vai alavancar o município e muito menos obras com cunhos eleitoreiros.
A pirotecnia com sirenes comemorando eleições não foram servidores da saúde, foram das OS que flertaram com políticos e “sócios” nas eleições. Se no meio tinha algum servidor, não chore agora, foi alertado pelas mobilizações sindicais.
Acreditar em promessas de um político que por mais de uma década não contribuiu para evolução da cidade. Elegeram uma câmara com 50% dos vereadores que haviam cogitado o aumento da alíquota, e retardaram por estratégia.
O bloco da oposição foi que votou contra o reajuste, Josemar (PSOL), Priscilla (PT) e Romário Régis (PCdoB). Para piorar, Pablo da Água(PT) votou a favor.
A cidade merece mais que isso. Os eleitores precisam mudar a conduta e não esperar 4 anos para cobrar de seus eleitos, ou continuarão acreditando que favores é o que merecem.
Temos que ser imparciais e avaliar o que cada um tem a contribuir na cidade, independente de esquerda ou direita. Eleitores não capachos de candidatos, são patrões e pagam pelos salários e altos benefícios. Se eles não gostarem de serem cobrados, peçam as contas e saiam como qualquer trabalhador. O pau que bate em Chico, tem que bater em Francisco. Eleitor só tem que ter um lado, o seu.
Agni Shakti é produtora, escritora, designer e cidadã.