top of page
Foto do escritorJornal Daki

Perspectiva

SÃO GONÇALO DE AFETOS


Por Paulinho Freitas


Foto: Arquivo pessoal

Bira Marques, compositor multi campeão de sambas de enredo no GRESU Porto da Pedra e tricampeão na Majestade do samba, Portela, caneta pesada e generosa, já me presenteou com a biografia de Antônio Carlos Candeia Filho, tão caneta quanto e com outros ensinamentos de vida, me envia um vídeo pelo Instagram.


Na primeira parte, a personagem Analu, lamenta sobre sua vida na loucura que é a cidade de São Paulo, numa casa alugada por não poder comprar uma, com uma vida corrida, pois é autônoma e tem que correr atrás para pagar as contas, sem tempo pra nada, a família e os amigos reclamando sua presença, sem poder viajar, ter filhos, enfim, uma vida que a meu ver, ela não deseja pra ninguém. 


Na segunda parte, ela vê a vida por outra perspectiva. Comemora chance de morar na maior cidade da América Latina, cheia de oportunidades, numa casa maravilhosa que ela e o marido sempre sonharam morar, trabalhando como autônoma, dona de seu tempo, com família e amigos maravilhosos carinhosos e desejosos de sua presença, com saúde o suficiente para praticar esportes e viajar, podendo se programar para fazer o que quiser e na hora que quiser. Enfim, uma outra e mais aprazível perspectiva. 



Gostei demais desta perspectiva. Tanto que no sábado passado já coloquei em prática. 

Minha esposa me presenteia com um passeio à Cidade da seresta, Conservatória. Não gosto muito de sair de casa, mas são quarenta anos de vida em comum, não podia desagradar a patroa. 


Era um passeio de professores e ela como mulher e professora, programa tudo e quer que tudo seja no horário correto. Só esqueceu de avisar aos responsáveis pelo evento. 


Ônibus estava marcado para sair às sete da manhã e lá estávamos nós na agradável companhia de mais de cem pessoas, no meio da rua, ao ar livre, com aquele sol de dezembro que já começa a carinhar nossas cabeças, nos fazendo aglomerar na sombra de uma pequena garagem, num papo muito agradável, onde todos falavam ao mesmo tempo, ninguém se entendia, mas o importante era estarmos ali, juntos. 


A viagem que era para ter começado às sete da manhã saiu uma hora e quarenta minutos agradabilíssimos depois. 


Tudo corria muito bem, íamos conversando sobre a paisagem e ela cheia de expectativas em me mostrar a cidade e os pontos turísticos locais. O sol nos acompanhava pegando carona no falar alto de um agradável  companheiro de viagem, que também gargalhava das piadas sem graça que contava e ninguém ria. Tão bom ver uma pessoa tão feliz! 


Na serra das Araras recebemos com alegria alguns passageiros do ônibus que ia a nossa frente porque o ar condicionado de lá estava escangalhado. Como o nosso também não estava lá essas coisas, o calor aumentou, dando a minha esposa a oportunidade de usar seu leque novo, é sempre bom poder tirar uma onda. 


Como o que está bom ainda pode ficar melhor, o ônibus da frente quebrou e o restante dos passageiros daquele ônibus vieram para o nosso. Oh glória! Mais gente para conversar, para curtirmos juntos aquele calorzinho de final de primavera dentro do ônibus com janelas trancadas e sem ar condicionado. 


A subida da serra demorou um pouco e alguém diz estar sentindo cheiro de queimado. Não demorou muito, na descida da serra o ônibus para. Pensei tratar-se de um engarrafamento, mas era a mangueira do radiador que arrebentou. Todos nós tivemos que descer do ônibus e ficar na estrada. Olhando para um lado não vi nada e olhando para o outro nada vi além de uma vaca mascando seu capim com aquela carinha feliz. 


Eram quatro ônibus. Os dois que sobraram foram até uma parada próxima, deixaram os passageiros numa Fabrica de chocolates e voltaram para nos pegar. 


A previsão era chegarmos às dez da manhã, mas pra quê pressa? Chegamos às quatorze horas, almoçamos e fomos convidados para um belo passeio a pé e debaixo daquele gostoso sol pelos pontos turísticos da cidade. Marcaram encontro às dezenove horas para sairmos entre dezenove e trinta e vinte horas. Saímos às vinte e quarenta e chegamos a São Gonçalo a uma hora da manhã de domingo.


Um Uber para casa na casa de trinta reais, barato, mas preferimos ir de ônibus. Chegamos bem e felizes do belo passeio. Fomos dormir às duas para acordar às sete. Uma comemoração e tanto. E que venham mais quarenta anos! 


Bira Marques, você sempre me dando bons presentes. Obrigado irmão! 


Viver melhor é viver pela melhor perspectiva! 


Nos siga no BlueSky AQUI.

Entre no nosso grupo de WhatsApp AQUI.

Entre no nosso grupo do Telegram AQUI.


Ajude a fortalecer nosso jornalismo independente contribuindo com a campanha 'Sou Daki e Apoio' de financiamento coletivo do Jornal Daki. Clique AQUI e contribua.


Paulinho Freitas é sambista, compositor e escritor.


  

 


POLÍTICA

KOTIDIANO

CULTURA

TENDÊNCIAS
& DEBATES

telegram cor.png
bottom of page