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Foto do escritorJornal Daki

Pedir intervenção militar é coisa de cachorro, por Mário Lima Jr.


Reprodução Internet
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“Liberdade não tem preço”, dizem artistas de culturas do mundo inteiro. E não há meio mais rápido para atacar a liberdade de um povo do que a força dos tanques, fuzis e pistolas. Pedir intervenção militar e abrir mão da própria liberdade é coisa de gente covarde, mau caráter, infame e vil. Que implora para ser domesticada quando nasceu no país de espírito mais livre que existe. A única semelhança com o animal de pelos é a coleira no pescoço do povo e a guia, as Forças Armadas usadas para controlar as instituições que defendem a vontade popular e o indivíduo.


Abrir mão da liberdade democrática, que tanto precisa ser desenvolvida, favoreceria apenas Jair Bolsonaro, fã da tortura, da ditadura e do assassinato. Além de ser criminoso e inconstitucional, pois nenhuma interpretação da Constituição permite o fim da liberdade ou de qualquer dos Poderes da República, não há vantagens possíveis para a população, a história brasileira prova. O último regime militar durou 21 anos e deixou um Brasil lutando pra implantar democracia plena até hoje, onde cada cidadão tenha oportunidades de desenvolvimento social.


Não haveria fim da liberdade sem violência e estupidez, especialidade dos militares (pensar demais pode transformar uma ordem recebida em algo indesejado pela autoridade). As pessoas que pedem o Exército, a Marinha e a Aeronáutica nas ruas não foram penduradas em um pau-de-arara pelas mãos e pelos pés e espancadas com o mesmo cabo de vassoura usado para penetrá-las. Antes, arrastadas dentro de casa, na frente dos filhos, encapuzadas, enfiadas dentro de um veículo, espancadas na cara e na barriga, ameaçadas de morte e jogadas nuas em um cubículo de temperaturas e luminosidade extremas. Espaço onde são aplicados eletrochoques na sua genitália. Onde não é possível ficar de pé, ora também completamente escuro e encharcado para causar mais incômodo. Tudo por causa de nada. Sua profissão ou partido político, talvez. Uma denúncia de que você tem livros que não deveria em casa. Ou porque você faz parte de um grupo que luta para que homens e mulheres não sejam torturados dessa maneira. Vítimas de tortura geralmente não desejam o mesmo a nenhum inimigo.


Sendo que a pior consequência de uma intervenção militar é a limitação da consciência do povo, que não pode refletir e decidir por si só. Quem merece segurar a guia do povo brasileiro? Ninguém jamais vai merecer. A gente elege presidente para que ela ou ele obedeça a vontade do povo. Se o eleitor deseja escolher alguém para controlá-lo, como a lei de nenhum país do mundo contempla tal absurdo, antes precisa comprar uma ilha no Pacífico e compilar uma nova constituição. Quer dizer, Constituição para que quando o desejado é o domínio da força? Ilha da Covardia fica como sugestão de nome.


O Brasil merece experimentar algo novo, metade do país vive nas mesmas condições de miséria, violência e perseguição de séculos atrás. Distribuir dignidade aos brasileiros seria a verdadeira revolução.

Mário Lima Jr. é escritor.



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