Padre Júlio Lancellotti é vítima de CPI em São Paulo
Ele diz que há uma tentativa de criminalizar trabalho com população de rua e dependência química
Alvo de um pedido de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara Municipal de São Paulo, o padre Júlio Lancellotti avalia que “criminalizar trabalho com população de rua e dependência química é tentar tirar o foco da questão da Cracolândia”. O religioso ironiza a tentativa do vereador bolsonarista Rubinho Nunes (União Brasil) de tentar criminalizar sua atuação.
“A gente tem que entender o problema na complexidade que ele tem. Quando dizem que a Cracolândia existe por causa de mim, eu sempre penso: ‘se eu morrer hoje ou amanhã, a Cracolândia vai desaparecer?’. Se eu sou a causa, é tão fácil de resolver. É só eu morrer que acabou a Cracolândia. Não tem mais…”, afirmou à GloboNews.
Para ele, “criminalizar algumas pessoas sempre e uma forma de não enfrentar o problema do tamanho que ele e”. Lancellotti avalia que a discussão sobre seu trabalho “tira o foco da questão” dos cuidados com as pessoas que sofrem com dependência química.
Coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo da Arquidiocese de SP, o religioso aponta que a CPI é fruto da polarização política em ano eleitoral e da influência da especulação imobiliária na Câmara paulista.
“Essa polarização numa cidade, a gente não pode perder o contexto que São Paulo é a vitrine do mercado imobiliário. É a vitrine de especulação imobiliária. E a especulação imobiliária tem um inimigo número 1, que são as pessoas em situação de rua. Uma população que aumentou exponencialmente em São Paulo”, prossegue.
O padre acredita que o foco da CPI deveria ser investigar o tráfico de drogas e não combater os dependentes químicos. Ele aponta que o poder público não consegue enfrentar o problema da Cracolândia e acaba se importando mais com o “efeito” do que com “as causas”.
“Os próprios vereadores colocam que a chamada Cracolândia movimenta R$ 10 milhões. Pra onde vai isso? Se a CPI for realmente olhar isso, você vai ver que vários agentes do contingente de segurança – não todos, é uma exceção – foram detidos nessas operações. Então, a gente tem que entender o problema na complexidade que ele tem”, completa.
De DCM.
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