Os trabalhadores sequestrados pela ignorância
Por Helcio Albano
Parcela considerável da rapaziada que trampa via aplicativo tem aversão à carteira de trabalho assinada e a tudo que ela representa. Isso é fato. E se você for sondar gente mais nova, esse percentual chega bem perto dos 100%.
A carteirinha azul, motivo de orgulho para gerações passadas, virou símbolo de fracasso nos tempos de ditadura neoliberal do empreendedorismo, essa ideologia que funciona quase que como um dogma religioso de culto ao deus mercado.
Tudo que vem de outrem - as regras, o mando, os horários - é abominado. O que importa é a sua "liberdade", mais importante até que qualquer seguridade social. Essa "coisa ultrapassada", como dizem os ideólogos da nova escravidão, ou mesmo desconhecida para muitos trabalhadores que, para fugirem do desemprego, abraçaram de vez o "precariado" do Uber ou Ifood, que deu-lhes um novo patrão ainda mais perverso: o algoritmo.
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Os direitos sociais - dentre os mais importantes, os trabalhistas - são conquistas recentes vinculadas à luta sindical e da esquerda embebidas de humanismo. Numa concepção de que o lucro não pode estar à frente ou acima do bem-estar de quem o gera: o trabalho.
Não há riqueza sem trabalho. E quem gera a riqueza são os trabalhadores. Por isso ser justo dar-lhes seguridade, como saúde, assistência e aposentadoria a partir de uma contribuição solidária.
O governo Lula anunciou novas regras para motoristas de aplicativos e sua entrada na CLT como uma grande vitória. E é. Mas tem trabalhador sequestrado pela ignorância que ama o cativeiro.
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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.