Operação mira esquema de roubo de cargas e veículos no Complexo da Maré
A Polícia Civil realiza, nesta quinta-feira (6), uma operação contra um sofisticado esquema criminoso que envolve roubos de cargas e de veículos, receptação qualificada e lavagem de dinheiro. Segundo moradores, tiros foram registrados na região desde as primeiras horas do dia. Ao todo, os agentes buscam cumprir 74 mandados de busca e apreensão nas comunidades Nova Holanda e Parque União, no Complexo da Maré, Zona Norte, e em outras regiões da capital e da Baixada Fluminense —, além dos estados como Ceará, Bahia, Goiás e Santa Catarina.
As investigações da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) tiveram início em meados de 2024, após registros de ocorrência apontarem dois grupos que estariam escondidos nas comunidades da Maré. Os integrantes, vinculados à facção Comando Vermelho (CV), seriam responsáveis pelos grandes roubos de cargas do estado do Rio.
A estrutura da quadrilha foi identificada após a prisão de um suspeito, que relatou a existência de um local dentro da Maré denominado por eles como "escritório", onde criminosos se reúnem com o intuito de planejar os roubos e posteriores revendas dos bens roubados. De acordo com a denúncia, o grupo possui neste local quatro computadores, em que estão armazenados os dados dos funcionários das empresas que fornecem informações privilegiadas para a quadrilha e de empresários que receptam as cargas, bem como o armamento e bloqueadores de sinais GPS, utilizados por eles.
Segundo os agentes, os dois líderes dessas organizações possuem mandados de prisão pendentes pelo crime de roubo de cargas. Um deles é Felipe Pereira Santos, conhecido como Jack Cargas, o maior assaltante de cargas e veículos da atualidade.
A atuação da quadrilha ocorre nas principais vias do estado, e o transbordo das cargas roubadas é realizado em comunidades de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e nos complexos do Alemão, da Maré e de Manguinhos, na Zona Norte.
Ainda durante as investigações, foi possível obter informações que membros desses grupos estariam abrindo empresas de fachada para realizar transações financeiras com receptadores das cargas, legalizar o patrimônio adquirido com o dinheiro proveniente desses roubos e tentar fugir de possíveis investigações criminais contra eles. Diante dessas informações, a equipe solicitou cooperação junto ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), em que foi descoberto um grande esquema criminoso por meio de movimentações financeiras envolvendo roubadores, seus familiares e empresários que receptavam os materiais.
De acordo com dados do Coaf, os bandidos teriam movimentado mais de R$ 18 milhões entre os anos de 2022 e 2023, proveniente das vendas das cargas roubadas. A Justiça determinou o bloqueio das contas bancárias relacionadas aos investigados até o limite deste valor.
Essas movimentações foram feitas entre os diversos membros do grupo e empresários que compravam essas cargas. Foi comprovado também que telefones celulares eram enviados para o estado do Ceará e pagas por meio de transferências bancárias diretamente para os roubadores e seus familiares. Essa mesma dinâmica era realizada com o envio de veículos roubados para a Bahia. Há também indícios de envio de cargas roubadas para Santa Catarina e Goiás.
A ação faz parte da segunda fase da Operação Torniquete, que tem como objetivo reprimir roubo, furto e receptação de cargas e de veículos, delitos que financiam as atividades das facções criminosas, suas disputas territoriais e ainda garantem pagamentos a familiares de faccionados, estejam eles detidos ou em liberdade. Desde setembro, já são mais de 360 presos, além de veículos e cargas recuperadas.
*Com informações O Dia
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