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Olha pro céu meu amor

SÃO GONÇALO DE AFETOS


Por Paulinho Freitas



Foto: Pixabay
Foto: Pixabay


Desde minha infância sempre fui apaixonado por pipas e balões, aliás, ainda sou. Só que o tempo passa, a gente cresce, envelhece, cria responsabilidade e vai pondo a diversão de lado. 


Dias atrás, meu cunhado estava no portão de casa, sentados na mureta de proteção que separa a rua em que moramos do rio Imboaçú, alguns moradores de rua conversavam.


Próximo a eles um enorme balão enrolado descansava no chão. Meu cunhado ficou olhando o balão e os moradores de rua disseram que ele poderia pegar para ele, se quisesse. Meu cunhado pegou o balão e o guardou sobre uma pilha de telhas que estava atrás do portão de garagem. Aquele monte de papel ficou ali por um bom tempo e todas as vezes em que eu olhava para ele, a tentação de fazer uma bucha e soltá-lo era muito grande, cheguei a sonhar numa noite que o tinha solto com muitas lanterninhas coloridas acessas perto de seu bojo e mais um monte dependuradas na boca.



Uma vez até falei com meu cunhado para a gente por o balão para cima numa hora em que não estivesse ninguém em casa, para que não levássemos uma bronca grande da família. Não sei que fim levou, sei que o balão sumiu, devem tê-lo jogado fora. Graças a Deus. 


Tenho um irmão que sofreu um AVC, tem dificuldade para andar e manusear as coisas e todos os finais de semana vou à casa dele, que é ainda coberta por telhas francesas e a varanda coberta por telhas de matéria plástica. 


Neste final de semana ao visitá-lo, ele me mostra uma armação de arame com uma bucha apagada. Um pequeno balão caiu sobre o telhado da varanda da casa dele e pegou fogo. Ele dormia, a vizinha viu a enorme claridade e foi ver o que era. A bucha queimava e já tinha aberto um enorme buraco na telha, a vizinha correu, jogou água e conseguiu apagar o fogo antes que este chegasse na madeira que por ser antiga é de fácil combustão. Na hora meu coração gelou, poderia eu ser responsável por incendiar o patrimônio de alguém ou causado a morte deste alguém e talvez nem soubesse do acontecido, assim como esse irresponsável quase pôs fogo na casa do meu irmão e quase tirou sua vida. Meu irmão foi salvo pelo sono leve da vizinha. 


Confeccionar, manusear, transportar ou soltar balões é crime previsto em lei de número 9.605/98 com penas que variam de um a três anos de reclusão. 


Nas noites e madrugadas de inverno é comum olharmos para o céu e vermos belos balões, armas de destruição disfarçadas de arte e cultura, defendidas por ignorantes, infelizmente como eu fui e que se julgam atores culturais. 


Vamos deixar o céu para a lua que inspira o poeta e desperta grandes paixões. Para as estrelas que guiam os viajantes e realizam desejos. Para o sol, que morena a pele, aquece a alma, o coração e as manhãs frias de inverno.  


Que o céu nos traga beleza, leveza e fé. Nada mais. 


“Olha pro céu meu amor! Veja como ele está lindo...!” 


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Paulinho Freitas é sambista, compositor e escritor.


 

 

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