Olga Borges: Sinônimo de amor à Cultura em vermelho e branco, por Oswaldo Mendes
Nascida em Campos dos Goytacazes em 16 de maio de 1957, filha de Olga, especificamente de Gargaú, em São João da Barra e José (Zé Lourinho) – de Fidelense, aqui do Estado do Rio de Janeiro.
Um dos seus orgulhos é ter diversos irmãos. Numa família que totaliza dez irmãos, sendo sete mulheres e três homens, criados em total clima de harmonia. De forma pessoal está muito feliz com um relacionamento sério com Dabahia, pessoa boníssima que, adjetivos positivos, certamente, nos dicionários ainda não encontraram um que possa descrever o Compositor e integrante também da Galeria da Velha Guarda da Unidos do Viradouro, tendo ela dois filhos dois netos e um bisneto.
Seu pai, Zé Lourinho, adorava carnaval e nas escolas de samba em Campos era o Presidente, também compositor, carnavalesco e aderecista e para a mãe Olga, “sobrava” sempre as fantasias que fazia depois do pai muito pedir.
Não foram poucas as agremiações carnavalescas por onde o Zé Lourinho passou, dentre elas a Unidos da Farra, União da Esperança, Mocidade Louca. Nessa época e nessa localidade o preconceito ainda era grande e mesmo o pai sendo integrante de Escolas de Samba em época de carnaval a opção era mesmo para brincar o carnaval nos salões do Clube de Remo Campista, onde o pai da nossa Olga era também remador.
Com quatorze anos veio morar em São Gonçalo, passando logo em seguida para Niterói. E a raiz de carnavalesca já florescia. Negritude a flor da linda pele. Assim aos dezessete anos passou a frequentar os ensaios da Acadêmicos do Cubango, na quadra do Clube Fonseca e onde desfilou alguns anos pela escola.
Foi em 1982 que conheceu a Sapucaí - Sambódromo – na qual em função de sua também beleza física participou como semi-destaque na Imperatriz Leopoldinense e no ano seguinte, em 1983, na GRES Mocidade Independente de Padre Miguel, também no carro alegórico.
Já nas eliminatórias do carnaval de 1989 foi levada à Quadra da Unidos do Viradouro e, numa eliminatória de samba, se apaixonou e de lá não saiu mais. Conheceu Jorge Caduza, o então presidente da escola e faltando pouco tempo para ser realizado o carnaval recebeu em sua casa, trazida pelas mãos do competente intérprete Torino, dez capas, dez maiôs e mais alguns adereços, isto a mando do presidente, pedindo para selecionar outras nove lindas meninas para formar e representar uma ala de apoio de Comissão de Frente.
A genética neste momento falou alto e tudo que tinha visto com o pai e a mãe em Campos foram úteis. Relembrar, reviver e redescobrir tudo de bom dos seus tempos de Campos e assim colocar a mão na massa, com muito carinho e amor para criar um figurino. Nascia ali uma Aderecista. Fizeram sucesso na Avenida Rio Branco.
Ano seguinte, em 1990, devido ao sucesso do figurino criado por Olga deu outro passo no Mundo do Samba e assim fundou a Ala do Agito com o objetivo principal de desfilar no grupo de Acesso na Marquês de Sapucaí.
O sucesso foi total. Alçada além de Presidente de Ala passou também a exercer o cargo de Diretora de Harmonia da Ala das Baianas e seguiu sua caminhada vitoriosa. Já em 1991, agora no Grupo Especial, permanece como Presidente de Ala das Baianas e Diretora de Harmonia.
Devido ao excesso de trabalho, afastou-se da Ala do Agito e em 1998 afastou-se também da Harmonia, em função de conflito na visão da gestão com o Diretor Geral de Harmonia.
Para uma nova experiência foi convidada para São Gonçalo e assim saiu do Barreto, ambas de cor vermelho e branco. O convite era para fazer parte da Harmonia da Porto da Pedra, advindo de Jorge Caduza. Maravilhosa experiência ficou só um ano, mas o coração queria outro vermelho e branco: “Meu Coração era Viradouro não adiantava”.
Ela voltou. Com mais garra e inspiração. “Pensa que deixei de desfilar na minha escola? Não, desfilei na Ala Sol da minha vida”.
O temporal passou e no ano seguinte estava de volta na Harmonia da GRES Viradouro. Chegando no ano de preparação do carnaval 2001, encontrava-se desempregada e pediu uma vaga de Aderecista no barracão da escola. Foi trabalhar na chapelaria e, com uma semana de trabalho, o responsável abandonou o setor. Foi então convidada a assumir o cargo e Olga passou a ser a responsável pelos chapéus de toda comunidade da escola, inclusive Bateria, Baianas e Ala das Crianças. Mais um grande desafio para uma grande pessoa. Porém, ainda vinha surpresas e o desafio maior foi quando Seu Monassa, saudoso e dileto Presidente de Honra, optou por desligar o carnavalesco e, tempestivamente, criou uma Comissão de Carnaval, sendo Olga convidada pelo Baluarte e grande campeão Heraldo Faria, o qual, à época, era o Diretor Geral de Carnaval. Cita com muita honra de ter participado desta Comissão e muito mais ainda de ser Viradouro.
Mas como não consegue viver de carnaval, saiu do barracão agradecida por mais uma grande e embelezadora experiência positiva. Retorna à Harmonia e, em função de compromissos externos, precisava tomar mais uma difícil decisão que foi se afastar da Harmonia, sendo imediatamente convidada para ser mais uma Guardiã da Bandeira da GRES Viradouro pelo atual Presidente Osvaldo Areia, na sua primeira gestão, em 2010.
A Galeria da Velha Guarda é a Resistência do Samba. E um dos principais pilares da Cultura Negra. São os Griots.
Hoje tem orgulho de ser bicampeã do carnaval carioca como Velha Guarda, exaltando e concluindo que lugar de Mulher é também no Carnaval.
Oswaldo Mendes é engenheiro.