Obrigado! Amém! Okê Arô!
Por D. Freitas
Tomo muitas decisões na minha vida baseadas na sorte. Por mais que nem sempre ela sorria pra mim, normalmente está do meu lado quando algo muito importante está em jogo. Falar sobre isso incomoda a maioria das pessoas que me cercam.
Quando fui aprovado em algumas faculdades e em um concurso público, jurei ter sido sorte por terem caído exatamente as questões que eu mais estudei no ensino médio. Minha mãe, revoltada ao me ouvir dizer isso em um churrasco de família, me repreendeu dizendo: Não foi sorte. Isso foi competência.
Passei bastante tempo pensando nisso até entender que ela tinha razão.
Ainda nessa carreira em que fui aprovado no concurso, escolhi o local no qual iria trabalhar junto à um amigo de longa data. Não busquei saber muito sobre as opções, mas queria estar perto dele, sendo assim, preenchi a vaga que sobrava no mesmo lugar em que ele se voluntariou. Lá, tive dias caóticos, dias tranquilos, dias tristes, dias felizes, mas todos os dias fui grato por aquele ser meu destino ao sair de casa. Fui grato pelo meu ofício, pela companhia do meu antigo amigo e dos vários novos que fiz. Agradeci a sorte algumas vezes e em todas elas, ele me disse : Isso não foi sorte, foi Deus.
Não reconhecer a grandeza do Criador nos vastos rios em que naveguei, na imensidão do céu furta-cor ou nos laços criados entre mim e as pessoas com quem convivi, seria loucura.
Provavelmente não tenha sido só sorte.
Cercado dessas pessoas, encontrei algumas confusões e algumas confusões me encontraram.
Sofri alguns acidentes e passei por algumas doenças - uma pandemia de nível mundial, diga-se de passagem -, contudo superei tudo o que deveria ser danoso. Também conheci novos países, abri portas, adotei novos hobbies e cresci. Certa vez, ofegante após correr por alguns minutos de um local que se tornou repentinamente perigoso, disparei à um mais novo irmão parido de outra mãe : Sorte nossa a gente perceber que o bar tava cheio de gente estranha antes da confusão começar. Ele replicou apontando para suas inúmeras tatuagens de seus guias e orixás: Não foi sorte. Não ando só. Tu também não. Oxóssi te guarda.
Nesse mesmo dia, a caminho de casa, passei por um caminho onde inúmeros pássaros cantavam anunciando o nascer de um novo dia. Todos eles pousados em pitangueiras perfiladas que eram deixadas para trás com a velocidade do carro. Na última delas, um único pássaro azul-claro alçou vôo e me acompanhou por algum tempo sobrevoando o caminho.
Talvez não fosse coincidência.
Diversas foram as vezes em que decidi o caminho que ia tomar no par ou ímpar. Algumas foram as vezes em que escapei por pouco de alguma situação perigosa. Inúmeros dias felizes vivi. Tantos que nem lembro bem de um dia em que não mostrei os dentes ao dar bom dia para um desconhecido.
Não me arrependo de contar com a sorte, mas não nego também a crença daqueles que querem meu bem e andam comigo. Agradeço aos meus pais por exaltarem minha própria competência, a Deus por se fazer presente na minha vida por meio dos meus amigos de longa data e aos orixás que por meio do seus filhos, não me deixaram andar só.
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Davi Freitas (D.Freitas) nasceu em São Gonçalo, cria da cultura gonçalense, desde sempre conviveu com músicos, poetas e escritores. autodidata, aprendeu violão e bateria sozinho e junto com o irmão Lucas Freitas fez algumas apresentações até ter, por motivos profissionais, que mudar de estado. Como escritor, participou, pela Editora Apologia Brasil da Antologia em Tempos Pandêmicos e inicia agora sua trajetória no mundo das crônicas e contos.