O Tamoio pertence aos gonçalenses - por Cristiana Souza

Ontem (19), foi noticiado pelo jornal Extra, que o clube Tamoio pode ser destombado para uma possível demolição da sua estrutura física e construção de um supermercado no local, tendo a narrativa de geração de renda e emprego para o município.
Num breve histórico sobre o Tamoio Futebol Clube, este fundado no ano de 1917, realizou entre as décadas de 1960 e 1980, a abertura do carnaval carioca; um período de glamour carnavalesco, com os concursos de fantasias, sendo transmitidos por importantes emissoras de televisão, fomentando cultura, renda e muitos empregos. Foram os anos dourados do clube, com os tradicionais bailes de carnaval repletos de cores, confete, serpentina e muita alegria.

Em 2017, quando o Tamoio completou cem anos de história com os gonçalenses, foi tombado pela lei municipal N. 702/2017, e reconhecido como patrimônio cultural da cidade. O TFC chegou a ter mais de 20 mil associados.
Contudo, ao longo dos anos, tendo uma direção ruim, visando somente o lucro de alguns apaniguados, o clube alvinegro foi sendo negligenciado, culminando em seu total abandono e posteriormente sendo leiloado para pagar dívidas trabalhistas.
Assim como tantos gonçalenses, tenho boas memórias desse lugar, onde tive tardes maravilhosas à beira da piscina, assisti a vários shows; dancei, sorri, cantei, fui a muitas confraternizações e formaturas. Eu era feliz e sabia. Aos domingos tinha o chamado "pagode da multidão" e aquela menina de outrora sambava sem saber sambar, afinal o que importava era a diversão e alegria contagiantes.
Sabemos que São Gonçalo carece de oportunidades de emprego, mas destruir mais um patrimônio da cidade é algo para ser discutido entre a sociedade civil e o poder público, pois acredito que existe um caminho possível para a valorização e retomada desse lugar, que tem potencial para ser transformado num espaço de cultura, esporte, lazer, projetos sociais e empregos tão fundamentais para os cidadãos gonçalenses.
Na próxima quarta, os nobres vereadores irão decidir qual será o destino do Tamoio; será preservado para possíveis investimentos culturais ou demolido para atender aos interesses do capital?!
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Cristiana Souza é Assistente Social.

