O Sorriso da Passista II: Cap 4 - por Paulinho Freitas
...ela atende o telefone e começa a chorar falando ao interlocutor:
_ Mas não é possível! Como isso foi acontecer? Estou indo imediatamente. Já chego, pede para alguém me apanhar de moto no centro de São Gonçalo, é mais rápido. Até logo.
Ela desliga o telefone, vira-se para ele e pede:
_ Por favor, me leve embora, me deixe no Centro de São Gonçalo, por favor, não me pergunte nada. Depois converso com você.
O malandro era só decepção, ainda tentou argumentar que a levaria para casa, a ajudaria resolver qualquer problema, passou a viajem toda tentando convencê-la e nada, teve que deixá-la na frente da Igreja Matriz de São Gonçalo onde uma potente moto a aguardava. Ela subiu na garupa da moto e foi embora deixando nosso amigo sem acreditar no que havia acontecido. Ele saiu do carro, sentou no meio fio e chorando reclamava sozinho:
_ Tanto sacrifício meu Deus! Gastei uma fortuna subornando os funcionários do restaurante para fingirem me conhecer, gastei toda a minha aposentadoria e parte da féria do meu comércio num único jantar, só o vinho foi mais de mil reais a garrafa e ela bebeu duas. Ainda perdi a reserva do hotel que eu já tinha pago e acontece isso de novo! De novo não! Nãoooooo!!!!
Ele chora como uma criança, de repente uma fúria arrebata seu coração, ele sai dali, entra no primeiro bar que encontra, começa a beber e arquitetar sua vingança, a cada gole ele repete:
_ Amanhã ela vai ver! Vou lá, vou arrastá-la se preciso for, mas amanhã ela me paga. Ah se me paga!!!!!!
Ele bebe, o tempo passa, o dia chega, os caminhões abastecem os mercados, as feiras livres ganham vida, a rua da caminhada se enche de vida, pessoas andando para lá e para cá, bicicletas, crianças, vento, alguns felizes boêmios se esquivando do sol voltando para casa e o malandro... Ah o malandro!...
Continua na próxima quarta-feira.
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Paulinho Freitas é sambista, compositor e escritor.