O significado do 28 de junho para nós de São Gonçalo - por Félix Lino
Estamos em junho de 2023!
Desde o dia 28 de junho de 1969 o bar Stonewall Inn, em Nova York, tornou-se o epicentro de uma revolução. Após frequentes abordagens policiais no estabelecimento, cujos clientes eram sobretudo da comunidade LGBT+, a comunidade local resolveu se manifestar. E assim já se vão mais de 50 anos de luta no mundo inteiro.
No Brasil, a primeira parada gay aconteceu em junho de 1995, final da 17ª Conferência Internacional LGBT (ILGA), primeiro evento do gênero no país, atingindo cerca de três mil pessoas na Praia de Copacabana.
E em São Gonçalo? Como começou essa história?
Aqui podemos dizer que, com muita luta, em 2002 para 2003 um grupo de jovens começou a se organizar na cidade para iniciar essa trajetória e em 2004 aconteceu a primeira parada da Liberdade. Ainda não se usavam todas as letrinhas da sopa, mas, diga-se de passagem, foi um marco histórico, visto que foi a primeira parada interiorizada na região Leste Fluminense.
Muitos perguntam: qual o intuito deste grande evento com muito glamour, pegação, pinta (ou manchas rs), colorido e com tanta animação?
Eu também tinha essas dúvidas. De longe, achava desnecessária toda aquela "bagunça sem sentido" que ocupava o centro da cidade e parava o trânsito local...
Foi quando, em 2015, entrei para o Grupo Liberdade Santa Diversidade, que é o primeiro movimento social de SG voltado para o seguimento lgbti+, e então conheci os personagens que não só faziam parte, mas protagonizavam a luta, mudando a história e resistindo para garantir direitos à toda a população lgbti+ da cidade. Assim, descobri o real sentido que tinha por trás de todo essa festa "gay" a céu aberto!
Neste mês tão especial lançamos essa coluna que se chamará: “Coluna Liberdade”, em homenagem ao grupo e aos grandes guerreiros do passado (mas que seguem presentes): Well Castilhos, Ricardo Ribeiro, Almir Barbio, Dora Cordeiro, Stefani Brasil, Cleise Campos, Rita Góes, entre outros tantos que estavam nesse "mitiê" fazendo acontecer.
Houve também muitos outros, que na época chamávamos de simpatizantes (amigos e aliados da causa), que fizeram parte dessa história, como: o professor José Augusto, que enquanto vereador fez a PL, aprovada na época, se tornando a primeira Lei na cidade voltada para a população LGBTI+, lembrando que também foi secretário de cultura de nossa cidade; o falecido Cobrinha que na época pertencia à diretoria cultural do Clube Mauá, que ajudou o movimento cedendo o espaço em parceria para as pós paradas.
Vale citar também o Dr. Wellington, ex-chefe da DH e Drª Carla Tavares, ex Delegada da DEAM, ambos ajudaram a solucionar crimes lgbtifóbicos no município, mostrando como a polícia pode ser uma grande aliada.
Aproveito para agradecer a Helcio Albano, do jornal DAKI, que me fez esse convite especial: fazer parte de sua equipe de colunistas possibilitando um espaço de escuta e leitura do que precisamos dizer à sociedade.
Nós lgbtis+, apesar dos muitos desafios da nossa existência enquanto LGBTIs+ (preconceito, discriminação, violência, crimes de ódio), seguimos na luta! Viva nosso orgulho!
Félix Lino é presidente do grupo Liberdade Santa Diversidade em defesa dos direitos humanos.
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Nota do editor: Convidamos o presidente do grupo de defesa de direitos humanos Liberdade Santa Diversidade, Felix Lino, por entender ser sua causa e de tantos tão importante que merecia ter um espaço fixo de divulgação e debates numa coluna para que suas demandas tivessem visibilidade.
A estreia do Lino assinando a coluna seria na quarta (14.jun.23) mas eis que... Bom, eis que a coluna vem em muito boa hora após um dos vereadores da cidade cometer um verdadeiro crime contra a população LGBT comparando as pessoas que a compõem a marginais e assassinos.
Preconceito, oportunismo? Pode ser. Mas esse espaço surge exatamente para combater esse tipo de coisa.
Todos nós temos o direito de existir com liberdade, autonomia e dignidade. E Santa é a Diversidade!
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