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O poder invisível

Por Ericka Cunha e Graciane Volotão

Reprodução Internet
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Na última semana, após mais de um mês, foi realizado um acordo mediado pelo Tribunal de Justiça dando fim ao movimento de Greve dos Profissionais da Educação.

É importante destacar que no acordo foram atendidas algumas reivindicações, mas não a principal delas que é o pagamento do piso nacional respeitando as progressões de carreira já adquiridas. O que tem sido alvo de processos e ganhos nas esferas judiciais.

Existe um Poder Simbólico, invisível, que atua como mecanismo de coerção, o qual nos faz acreditar ser legítimo não atender à uma lei federal, na contramão ser ilegal reivindicar esse direito.


Segundo o sociólogo francês Pierre Bourdieu, o Poder Simbólico é baseado na autoridade e legitimidade atribuídas a determinadas instituições, indivíduos ou grupos na sociedade. Por meio do controle dos recursos simbólicos, como o conhecimento, a linguagem, os sistemas de representação, aqueles que detêm o poder simbólico conseguem influenciar as percepções coletivas e estabelecer as regras do jogo social.



Assim, nós profissionais seguimos sendo perseguidos, desqualificados e acusados de abandonar os alunos à própria sorte, sem aquilo que lhes é devido, acesso à uma Educação de Qualidade.


Fato é que os profissionais da educação estadual, como já foi dito diversas vezes, recebem um dos piores rendimentos do Brasil e as condições de trabalho são péssimas. Por carência de professores, estudantes ficam anos após anos sem disciplinas em suas trajetórias escolares e alguns chegam a se formar sem ter recebido conteúdos relevantes para sua conclusão do ensino médio, menos ainda para tentar um vestibular, Enem ou vaga de emprego que dê dignidade.


Desta forma, os profissionais da educação administrativos chegam a receber 800 reais mensais e professores chegam a somar mais de 60 horas de trabalho, no que denominam GLP, para complementação de suas rendas mensais e consequentemente “tapar buraco” da grade curricular por falta de professores.


Uma carreira em perigo e crise por culpa de um governo que não prioriza a educação. Os profissionais foram obrigados a abrir mão de lutar por seus direitos previstos em legislações nacionais e ainda foram cruelmente descontados. Ficando o dilema, será que o governador vai pagar os valores descontados, visto que ainda deve uma segunda parcela de um acordo feito a anos atrás em que os professores deram as aulas e até hoje não receberam?


O poder é invisível, mas é concreto na vida diária dos profissionais da educação e dos estudantes. A culpa da precarização do ensino público é dos governantes que entendem a educação como gasto e não como investimento.


Precisamos romper com a suposta neutralidade. Conforme explica Paulo Freire: " Lavar as mãos em face da opressão é reforçar o poder do opressor, é optar por ele." porque a naturalização deste comportamento autoritário e antidemocrático expressa a dominação pelo Poder INVISÍVEL


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Ericka Cunha – Pedagoga, servidora pública, Professora Universitária e doutoranda em Educação na UFF.

Graciane Volotão é Pedagoga, professora supervisora educacional, servidora pública e doutoranda em educação na UFF e membra do Coletivo ELA – Educação Liberdade para Aprender e colaboradora da Coluna “Daki da Educação”, publicada às sextas.


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