O poder do não 'sentar na janela'
Por Rofa Araújo
A polêmica do momento estampada em todas as redes sociais e motivo de debates em programas de TV e streaming é aquela protagonizada por uma mãe que pede a uma passageira de um voo que ocupava um poltrona na janela com todo seu direito porque pagou ou foi escolhido aleatoriamente ela companhia aérea para ela trocasse de lugar para que seu de 4 anos pudesse sentar-se em seu lugar porque ele estava chorando.
E qual foi a resposta da passageira ao pedido tão descabido? Primeiramente, ela estava ouvindo música com fones de ouvido e nem percebeu tudo ao seu redor, depois ela virou e disse um lacônico “Não!”. Outra passageira se metendo no que não devia, começou a filmar e chegou a dizer que ela não tinha empatia porque era apenas uma criança.
Tudo viralizou via redes sociais, iniciada pelo TikTok, espalhando-se rapidamente e expondo quem não nem quer todo esse estardalhaço público. E o que isso tem a ver com nosso dia a dia e o que podemos aprender com tudo isso?
O poder do “não” é algo enorme. E isso já começa na infância: as crianças precisam desde cedo a aceitar a negativa de suas vontades e aos pais compete impor esses limites e não passar a mão na cabeça, pois o mundo é cruel e os pequenos ao crescerem irão lidar com toda essa crueldade contra eles.
E qual a posição de muitos pais com as vontades mimadas de seus filhos? Querem dar tudo, dizer “sim” sempre e não deixar faltar nada, mesmo que não possa financeiramente falando, esquecendo-se do mais importante que é o emocional que sempre é insuficiente, fundamental para um sólido alicerce para a vida.
Então, um caso como esse do avião que, aparentemente, deveria se limitar aos envolvidos diretamente no caso e terminar ali mesmo, sem alardes e viralização.
Isso faz lembrar quando o famoso jogador brasileiro Romário, disse a respeito de um novato na seleção brasileira que “Está chegando agora e já quer sentar na janela?”. E não é verdade? Quantas pessoas se acham mais especiais que outras e querem a todo custo ser tratado de modo diferenciado, mesmo sendo novo na área ou nem tendo credenciais para isso.
É preciso lutar uma vida inteira para ter um “lugar na janela” ou aquele melhor na vida. Ninguém nasce em “berço de ouro” e aqueles que até nascem em famílias ricas com empresas, na hora de passar o bastão para um filho ou neto, esse pode não ter o mesmo tino para o negócio e levar até à falência. E outros casos pode até evoluir mais e ampliar tudo que foi eito até então. Basta ter preparo e maturidade para tal.
Outra lição preciosa que essa situação nos deixou está contida na velha Sabedoria Popular, sempre atual: “O silêncio é de ouro e muitas vezes é resposta”. Às vezes ao falarmos podemos perder a razão e ao ficarmos quietos damos a melhor resposta de todas.
Que possamos sempre aprender nas mais diversas situações do cotidiano, vivenciadas por nós mesmos ou quando podemos observar pelas redes sociais ou ao nosso redor. Devemos aprender sempre, pois nunca seremos totalmente sabedores e conhecedores de tudo nessa vida.
O “não” é necessário para nos limitar de fazermos coisas erradas ou cometermos alguma bobagem. E isso vale para todas as fases de nossas vidas, desde infância até a vida adulta.
Vamos refletir que nem sempre será tão fácil para o outro ceder “lugar na janela” e a luta será grande para chegarmos a conseguir um lugar ao sol num mundo que deseja nos ocultar e apagar para que apareça.
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Rofa Araujo é jornalista, escritor (cronista, contista e poeta), mestre em Estudos Literários (UERJ), professor, palestrante, filósofo e teólogo.