há 4 horas

O Incêndio de Los Angeles: o que poderíamos aprender com esse acontecimento?

Por Oswaldo Mendes

Estados Unidos da América – EUA: Terra dos Sonhos e da liberdade. Assim é que crescemos ouvindo.

EUA tem sua economia baseada no consumo, o que contradiz parte da questão ambiental, que tem em sua base a tríade, atualmente, o ser humano, o Meio Ambiente e o Mercado.

Nesta última semana o mundo ficou abalado com as fortes imagens sobre a cidade de Los Angeles em chamas. Calor, falta de chuva e forte vento espalhando a labareda é vista em centenas de vídeos que estão pela internet.

No momento em que escrevo esta matéria há informes de dez vidas humanas perdidas. O mundo atônito, mas pelo que se parece, as seguradoras de imóveis, carros e outros bens, não foram surpreendidas, já haviam suspendido o seguro de incêndio daquela região para mais de setenta por cento dos contratados.

Nota-se o esforço dos que tentavam, por terra e pelo ar, apagar o fogo, mas não foi possível.

Vamos falar um pouco sobre fogo, especificamente sobre o triângulo do fogo.

Para que se tenha fogo é necessário a existência de três elementos: combustível, comburente e uma partida (pode ser calor, fagulha ou outros).

Para o combustível, pode-se considerar um material como madeira, um óleo ou gasolina, assim como um produto químico. Já no caso do comburente, consideraremos o oxigênio.

Agora como o fogo se espalha? Também de três formas: Condução, irradiação e convecção.

Para a condução, podemos exemplificar o calor transmitido num metal; para a irradiação temos, por exemplo, estar perto de uma fogueira ou metal; e convecção acontece em função do movimento do ar quente e, quando encontra um material onde o ponto de fulgor é menor do que a temperatura desse ar em movimento, aparece o fogo.

Com a convecção explica-se vídeos de fogo aparecendo sem um motivo aparente. Sendo as portas corta fogo uma solução para impedir a propagação do fogo em prédios.

Engarrafamento, pavor, medo e desespero estão no rosto de cada pessoa que aparece nos vídeos dos EUA. Corte expressivo nos valores direcionados aos Bombeiros pela prefeita da cidade. Superaquecimento global numa escala já considerada irreversível e a política da desinformação – Fake News são possíveis causas que levaram a um efeito de perdas já estimadas em mais de 50 bilhões de dólares.

No Brasil existe uma legislação específica para o assunto e o PAE – Plano de Atendimento à Emergência, que é obrigatório, mas desconsiderado pelas Autoridades e Gestores, público e privado. Ninguém cumpre, pois se considera caro e que não acontecerá contigo.

Retórico seríamos se falássemos que o Plano de Abandono da Área, com o devido treinamento de pessoal com a ação de abandono é totalmente desrespeitada. Joga-se roleta russa com vidas.

Não aprendemos com o incêndio do Joelma, com a Boate Kiss, assim como o incêndio do Circo ou com diversos outros incidentes ou acidentes, sejam em hospitais, maternidades e CTIs, inclusive com falta de energia, superaquecimento e geradores que não funcionam. Problemas que aparecem, pipocam, semanalmente. Há sempre uma bela desculpa. Tem outro detalhe: o subordinado só fala à Chefia o que ela quer ouvir, assim, os Chefes vivem num mar de ilusão.

Já vimos diversas ações desastrosas quando há qualquer possibilidade de emergência na cidade e também nas cidades vizinhas, seja no poder público ou privado, pois os dois consideram o gasto com Segurança do Trabalhador como custo.

Com a devida capacitação e treinamento de quem pode estar próximo a um sinistro, existe uma grande possibilidade em redução de danos e, ao contrário de colocar a culpa num Deus e citar que “errar é umano”. Errar é imperícia, imprudência ou negligência.

Em que local da cidade já teve treinamento para evacuação dos CTIs, da Maternidade ou da creche? Qual o Porteiro que efetivamente sabe a diferença entre um extintor Classe A ou Classe B para imediata ação?

Para o Estado do Rio é importante o cumprimento do Decreto 42/2018 e da legislação do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, inclusive com relação ao Certificado de Aprovação emitida pelo CBMERJ, onde hospitais, colégios, universidades, igrejas, centros de saúde, asilos, clubes, maternidades e assemelhados deveriam cumprir e zelar pela vida de todos, mas em quase todos os casos, acham que é caro.

Já vimos diversos incêndios na cidade e sempre a mesma resposta: Foi uma fatalidade, um azar ou que Deus sabe de todas as coisas, mas esquecem da frase: Orai e vigiai.

Revejam as instalações elétricas, condicionadores de ar, coifas e de gás. Implementem o Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas – SPDA. Instalem DPS e IDR. Troquem os disjuntores NEMA por termomagnéticos. Se tiverem sistemas fotovoltaicos instalem disjuntores AFDD ou AFCI. Eles não são apenas obrigatórios, mas podem ser a diferença entre vida ou morte.

Quanto vale uma vida?

Notem que em Los Angeles as empresas de seguro tomaram a iniciativa e, como acima descrito, cancelaram as apólices de seguro de incêndio da população. A informação existia. Privilegiada ou não, mas existia. Aqui temos a legislação, a informação e, na maioria dos casos, se tem a inação.

Há duas formas de aprender: pelo amor ou pela dor. Por qual escolheremos?

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