O criminoso, por Fábio Rodrigo
Ele era aluno de uma escola tradicional no centro da capital fluminense. Gostava de sentar no fundo da sala e se destaca por sua enorme capacidade de desenhar. No entanto, sua habilidade artística nunca foi levada em consideração. Após a direção tomar conhecimento de desenhos pornográficos no seu caderno, foi advertido e seus pais foram chamados até a escola para ficarem cientes do ocorrido. Mesmo assim, seu comportamento não mudou e, depois de três advertências, foi expulso do colégio.
Aos treze anos, já assistia a filmes eróticos em seu quarto, mesmo sem seus pais saberem. Aos quinze anos, foi pego com uma revista pornográfica no interior da igreja. O pároco o chamou para uma conversa e lhe comunicou que, por sua má conduta, não era digno de fazer parte da congregação. Na universidade, deu em cima de todas as menininhas. Até que mexeu com a mina de um policial militar e foi jurado de morte. Trancou a matrícula e nunca mais apareceu na faculdade.
Na última empresa em que trabalhou, foi demitido por fazer gestos obscenos a várias coleguinhas de trabalho. Pelo mesmo motivo, foi mandado embora em mais duas empresas. Teve inúmeros relacionamentos com mulheres casadas. Toda vez que o marido descobria, tinha que se mudar de bairro. Mudou-se vinte vezes. No último bairro em que morou, foi denunciado após moradores o verem passeando nu na sacada de seu apartamento. Foi levado para a cadeia por atentado ao pudor e está preso até hoje. Seu passatempo é fazer desenhos pornográficos nas paredes de sua cela.
Fábio Rodrigo G. da Costa é professor mestre em Estudos Linguísticos.