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O Brasil feliz de novo - por Dimas Gadelha


Foto: Reprodução Internet
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Os leitores que conhecem minha trajetória sabem que sou médico sanitarista. Tenho mais de 20 anos de experiência na área. Entre o período que cursei medicina, depois residente no Pronto Socorro Central de São Gonçalo e nas diversas especializações que fiz no SUS, primeiro na área de Saúde da Família e depois em gestão, que me fizeram conhecer por dentro esse modelo único e fundamental de política de Saúde para os brasileiros. Devo tudo ao SUS, como profissional e como ser humano.



Nos últimos meses, após o desafio das eleições, resolvi voltar de modo mais ativo à medicina clínica, estando mais presente em ambulatórios e em postos de saúde. E assim, como médico militante, contribuir mais no esforço de superação da pior crise sanitária que vivemos em 100 anos. Desta forma acredito, a partir desse relato, poder reivindicar um lugar de fala para fazer aqui um testemunho pessoal: nunca vi nada igual em sofrimento e no nível absurdo de sacrifício que as pessoas estão sendo obrigadas a fazer para continuarem vivendo com um mínimo de dignidade. E isso, pessoal, é de norte a sul do país.



A gente sabe muito bem o potencial que a pandemia da Covid-19 tem em monopolizar nossas atenções e energias nesses mais de ano e meio de crise sanitária, com quase 600 mil mortes a nos assombrar. Aliás, a maioria delas evitável. Porém, concomitante à pandemia, existe um buraco ainda mais profundo, que sugou, desde 2016, pelo menos metade da população - mais de 100 milhões de brasileiros - à situação de pobreza ou miséria e, com isso, de insegurança alimentar. Ou seja, come-se mal e insuficiente ou simplesmente não se tem o que comer, é fome mesmo, segundo relatório da Ação da Cidadania de julho de 2021.



O que tenho visto é um verdadeiro massacre às pessoas mais humildes, que são hoje a verdadeira face do desespero, que vai ficando cada vez mais evidente nas ruas e calçadas das grandes cidades. Enquanto a isso, temos o dever moral, ético e político de evitar que esse desespero se transforme em desesperança e em mais humilhação.


O que vivemos é muito sério e preocupante. Já é real a possibilidade de uma geração inteira de crianças famintas, com gravíssimas deficiências nutricionais, se nada for feito. Reproduzindo a tragédia nordestina da fome nos séculos XIX e XX. Experiência que, há menos de dez anos, acreditávamos ser página virada em nossa história.


Precisamos agora, mais do que nunca, de união e de fortalecimento do consenso, que já existe, de um Brasil feliz de novo sem Bolsonaro o quanto antes.


O Brasil há de resgatar novamente sua vocação de grandeza e alegria.

Dimas Gadelha é médico sanitarista, secretário de Gestão e Metas de Maricá e ex-secretário de Saúde de São Gonçalo.













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