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Foto do escritorJornal Daki

Não ter filhos: uma escolha. Por Cristiana Souza

'Não quero ter filhos'.


Frequentemente após ouvirem essa afirmação de uma mulher, vem a pergunta: 'Mas por que não'?! E ainda tem os clichês; quem vai cuidar de você quando envelhecer?; tem que deixar seu legado no mundo; não ter filhos é egoísmo; você ainda vai mudar de ideia...


“Ao longo da história, a figura da mulher mãe foi muito forte. Nos últimos 5 mil anos, a mulher foi considerada responsável pela futura mão de obra – eram necessários braços para a lavoura, então, elas tinham 15 filhos” (Novas formas de amar - 2017). Porém, a partir da década de 1960, com a criação da pílula anticoncepcional e do movimento feminista, as mulheres passaram a optar se desejavam ter e quando filhos. Após essa ruptura e com as transformações na sociedade, novas configurações familiares foram surgindo no decorrer das décadas.

Acompanhando as mudanças mencionadas, é necessário o debate acerca do mito do amor materno e de que todas as mulheres nascem pra ser mãe e seguir o modelo de família mononuclear; com a formação de pai, mãe e filhos.


Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad, 2017) revelam que, desde 2005, o perfil composto unicamente por pai, mãe e filhos deixou de ser a maioria nos domicílios brasileiros.


Diante das transformações ocorridas na sociedade, devemos pensar se o fato da mulher gestar uma criança a põe na obrigação da maternagem e do amor materno. É necessário ter o entendimento de que uma mulher após ter um filho pode manifestar o desejo de entregar essa criança para adoção, sem passar pelo julgamento de terceiros. A entrega de uma criança para adoção é legalmente permitida.


Alguns casos de abandono de bebês que se tornam públicos, causam comoção na sociedade e vontade de justiçamento à mulher que praticou tal ato. Contudo, devemos analisar sobre os motivos que levaram essa mulher a uma decisão tão extremada. É preciso ter um olhar mais humanizado para essas mulheres, pois o que elas menos precisam é de julgamento e desejo de vingança.


Sabemos que a desigualdade social afeta grande parte da população brasileira e agregado a isso vem a falta de informação e as diversas expressões da questão social.


A escolha da mulher em ter ou ficar com um filho, deve ser respeitada independente de sua cor/raça, religião ou classe social. Liberdade também é respeitar as escolhas e limite dos outros.


A escolha de não exercer a maternidade não nos torna menos mulheres.

Cristiana Souza é Assistente Social.



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