No RJ deputados federais realizam audiência pública para debater mau atendimento da Enel
Fim do contrato de concessão da empresa também foi tema do encontro que ocorreu nesta segunda (20) na Alerj
Brasil de Fato - O término do contrato de concessão da Entidade Nacional de Eletricidade (Enel), que expira em 2026, e o mau atendimento nas lojas da concessionária foram os principais pontos levantados na audiência pública realizada pela Comissão de Trabalho e Serviços Públicos da Câmara Federal, que ocorreu na segunda (20), na sede da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
O encontro foi presidido pelo deputado federal Paulo Ramos (PDT-RJ) e reuniu vereadores de municípios abrangidos pela área de concessão.
“A distribuição de energia elétrica tem representado um sofrimento muito grande para a população e um prejuízo para a economia do estado. É preciso fazer um esforço para que haja uma nova licitação. Não pode haver a prorrogação automática de um contrato de concessão, principalmente considerando que a empresa não corresponde às expectativas dos consumidores e empreendedores”, disse o deputado federal.
Para o diretor-geral da Alerj, Wagner Victer, o modelo atual de concessão é falho em relação à garantia de qualidade.
“A discussão que tem que começar desde já é como fazer a modelagem para futura licitação da área de concessão da Enel. Não adianta fazer aquelas novas modelagens que geram muita renda e não se aplica o investimento. A gente tem que reequilibrar e ver o que o Rio de Janeiro precisa”, explicou o engenheiro, que também criticou a retirada da sede da Enel Brasil do Rio para São Paulo, em 2021.
Já a ex-deputada estadual Maria de Fátima Pereira apontou a má qualidade no atendimento prestado pelos funcionários das lojas de Petrópolis e Duque de Caxias, dois dos 66 municípios atendidos pela concessionária.
“Eu tinha uma casa em Petrópolis e tive que sair devido às chuvas do início do ano. Em junho, estive na Enel do município e falta humanização no atendimento da empresa. Os idosos são tratados com descaso. Falta preparo dos funcionários não só de Petrópolis, mas de Duque de Caxias também. É preciso haver uma triagem, porque é um absurdo o que acontece nas lojas”, explicou.
Durante a audiência, a Enel apresentou um investimento de R$ 2,6 bilhões em expansão, manutenção e conexão de novos clientes para os anos de 2023 a 2025.
O representante da Enel, Guilherme Brasil, disse que vai apurar o mau atendimento prestado nas lojas. “Não temos uma solução agora, mas vamos internalizar o caso, fazer um diagnóstico e depois apresentar uma solução para a comissão”, comentou.
Em maio, o Brasil de Fato denunciou os ganhos das distribuidoras de energia, como é o caso da Enel. A concessionária teve a autorização para reajustar a tarifa em 17,39%. Além do aumento, clientes alegam cobranças abusivas recorrentes da empresa.
"A minha última conta de luz, que venceu em abril, veio no valor de R$ 123,30. Seria um valor baixo comparado a outras contas de meses anteriores, sempre na faixa de R$ 300. Mas a questão é que passamos quase um mês com a luz cortada antes dessa fatura chegar. Como consumimos tudo isso se fiquei quase o mês inteiro na casa da minha mãe justamente por não ter que gastar luz em casa?", questiona o morador de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, o fotógrafo e designer João Victor Monteiro que divide a casa com um companheiro.
A reportagem aponta ainda que, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que regula o serviço prestado pelas concessionárias, o aumento é uma revisão tarifária periódica relativa a 2022. A Enel tem clientes em todo o Brasil e no Rio de Janeiro está em 66 municípios com 7 milhões de pessoas, incluindo Niterói e as regiões Norte, Serrana e dos Lagos.
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