No limite entre brincadeira e desrespeito
Por Rofa Araújo
Vivemos num mundo bem chatinho. O que antes em tempos de escola era considerado gozação entre colegas, de tempos para cá descobriram ser bullying. E percebemos que simples brincadeiras passaram a ser verdadeiros desrespeitos, passando de qualquer medida.
E como saber esse qual o limite entre uma brincadeira até um desrespeito à pessoa? Tudo que vai além da conta e atinge a honra de alguém, não pode ser algo engraçado e muito menos “normal”. E essas situações que antes era comum nas escolas, agora se espalharam via redes sociais e até mesmo entre familiares, chegando até à política por meios de iniciais e inocentes posts com memes, quase sempre travestidas de fake news propositais.
Para muitos, tudo que se faz é pura brincadeira e nada tem de real, mas apenas algo bem-humorado, mesmo que atinja a dignidade do seu próximo, sem se importar se este ficou mal ou para baixo com o ocorrido.
E como não exceder o limite com uma gozação antes inocente para evitar chegar ao desrespeito ao outro? Talvez devêssemos voltar ao “chazinho de se toca” ou comprimidos de “semancol” que anos atrás era sempre receitado e hoje em dia parecem extintos. Porque se agíssemos, pensando se o que fazemos iria nos atingir, como uma empatia necessária, não iríamos ofender com ou sem querer a muitos amigos ou inimigos mundo afora.
Agir deliberadamente, como algumas pessoas que parece não ter o mínimo respeito pelo ser humano, seja mais próximo ou não muito conhecido, não é nenhuma solução e, sim, um grande problema que ofende sem necessidade e sequer pensa em pedir desculpas pelo que faz. Parece uma ação dos sem-caráter e vilões da sociedade que usam e abusam de sua “suposta liberdade” para fazer o que bem entender sem olhar aquém e nem além de seu próprio umbigo.
Depois, mediante as ações realizadas numa rede social, os infratores são denunciados e processados e dizem na maior cara de pau: “Não foi isso que diz dizer!”. É precisa redobrar os pensamentos antes de uma desastrosa e impensada atitude.
Vamos brincar sim, porque o mundo precisa de muito bom-humor, mas tenhamos cuidado para não ofender e tratar o nosso próximo como gostaríamos se ser tratado: bem e com total respeito.
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Rofa Araujo é jornalista, escritor (cronista, contista e poeta), mestre em Estudos Literários (UERJ), professor, palestrante, filósofo e teólogo.