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Foto do escritorJornal Daki

Niterói e Fiocruz mapeiam coronavírus em rede de esgoto

Prefeitura disponibiliza Plataforma online que acessa diagnóstico atual em relação à presença do vírus nas diferentes regiões do município

Foto: Reprodução
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Com o objetivo de acompanhar o comportamento da disseminação do coronavírus ao longo da pandemia, a Prefeitura de Niterói firmou uma parceria com pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para identificar a presença de material genético do novo coronavírus (SARS-CoV-2) em amostras do sistema de esgotos da cidade.


O projeto inovador começou em abril na cidade e, a partir de agora, a população pode acompanhar os resultados através de um painel na internet, lançado pelo Município nesta terça-feira (30). A plataforma pode ser acessada pelo link https://arcg.is/0HXfXX.


O usuário pode conhecer o diagnóstico atual das amostras coletadas em relação à presença do vírus detectada nas diferentes regiões do município.


Atualmente, a média de amostras positivas para o novo coronavírus é de 85%. Este índice se refere às dez semanas de coletas no período de 15 de abril, quando o trabalho foi iniciado, até 16 de junho. Vale ressaltar que as coletas são realizadas semanalmente por equipes da concessionária Águas de Niterói.


De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente de Niterói, Eurico Toledo, a pesquisa tem duração prevista de 12 meses. Ele destaca a importância desta parceria nas ações de combate ao avanço do novo coronavírus na cidade.


- Com a tecnologia de ponta desenvolvida pela Fiocruz, e com o nosso apoio, essa metodologia permitiu que a cidade intensificasse as políticas públicas de combate ao coronavírus com um direcionamento ainda mais focado e que é apontado como exemplo no País. Este é um projeto pioneiro, temos feito todo o esforço de caminhar junto à ciência. Essa parceria é mais um bom exemplo disso, a conexão da ciência e do poder público, com a ciência norteando as ações de políticas públicas para o enfrentamento da Covid-19 - afirma Eurico Toledo.


A subsecretária de Projetos Especiais da Seplag, Valéria Braga, ressalta que é importante a população estar ciente que a concentração do vírus no esgoto não significa contaminação a partir dele, é somente uma ferramenta de monitoramento bastante eficiente que ajuda ao poder público na tomada de decisões.


- Este tipo de vigilância que está sendo feito pela Fiocruz em parceria com a Prefeitura apenas é possível nos municípios em que uma parcela significativa da população é atendida por rede coletora de esgoto e a operadora do serviço tem controle sobre o sistema. No caso de Niterói, a cobertura da rede de esgoto é de 95%. Esta é uma importante parceria entre a ciência e as políticas públicas que está ajudando a salvar vidas - destaca Valéria Braga.

29 pontos pesquisados

Já foram coletadas amostras de esgoto bruto em 29 pontos georreferenciados e estrategicamente distribuídos pela cidade de Niterói, incluindo quatro Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs), dois pontos de descarte de efluente hospitalar e rede coletora de esgotos nos bairros de Icaraí, Jurujuba, Itaipu, Engenhoca, Ititioca, Barreto, Várzea das Moças e Rio do Ouro. Também foram coletadas amostras de pontos das comunidades do Palácio, Cavalão, Preventório, Vila Ipiranga, Caramujo, Maceió, Cascarejo, Morro do Estado e Boa Esperança.


Os dados da pesquisa, de acordo com a subsecretária de Saúde de Niterói, Camilla Franco, são complementares para análise do quadro epidemiológico do município. Ela afirma que a pesquisa tem possibilitado um outro olhar para análise da transmissão e compreensão de como o vírus está circulando.


- Os pontos de coleta foram eleitos também priorizando lugares de maior vulnerabilidade, como as comunidades. Desta forma, há possibilidade de indicar se há vírus presente e o quanto ele está presente entre uma coleta e outra. Assim identificamos regiões com casos, o que possibilita ação pontual da atenção básica no território - frisa a subsecretária. O monitoramento ambiental realizado pela Fiocruz, que desenvolve atividades de pesquisa na área de Virologia Ambiental há mais de 15 anos, está alinhado com estudos científicos internacionais, que têm demonstrado a importância da vigilância baseada em esgotos para a detecção precoce de novos casos de Covid-19.


A pesquisadora Marize Pereira Miagostovich, chefe do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do IOC/Fiocruz e responsável pela pesquisa, explica que desde as análises da primeira rodada de coletas, ainda em abril, cujos resultados foram positivos em cinco das 12 amostras, já era possível imaginar que este projeto evidenciaria a eficácia da metodologia no monitoramento da disseminação do vírus.


- Ao longo dos meses foi demonstrado um aumento de detecção do genoma do novo coronavírus, atingindo 97% de detecção nas amostras coletadas nas três primeiras semanas de junho, por exemplo - pontua Marize Pereira Miagostovich.

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