Na Europa, Lula foi na jugular da hipocrisia
Por Helcio Albano
Em duas oportunidades de sua viagem à Europa, Lula mandou às favas a etiqueta e foi direito na jugular da hipocrisia. A primeira delas, no beijo fraterno de Lula no rosto do Papa Chico quando recebido no Vaticano. E, na outra, ao esfregar na cara dos maiores líderes daquele continente que, sem discutir o abismo da desigualdade entre ricos e pobres no mundo, a questão climática é mero papo-furado neocolonialista dos países desenvolvidos. Bingo!
Os fundamentos cristãos mais genuínos de amor e amizade estavam ali naquele abraço forte e sincero entre dois amigos que comungam o mesmo sentimento de Cáritas, de Justiça. Jesus sorri e a extrema-direita fascista pira, porque são nesses atos que ela se dilui, se desintegra. É esmagada, não por um tanque de guerra quando foi necessário sê-lo, mas pelo amor avassalador à humanidade: imperfeita e diversa por vontade de Deus.
No salão nobre do Palais de l'Élysée, o pernambucano de Caetés falou verdades que só quem tem senso de urgência é capaz de dizer. O planeta está doente de ganância, arrogância e estupidez, e não somos nós, do Sul Global, que devemos pagar a conta. Essa pendurada em quem há 200 anos realizou sua revolução industrial e impôs ao extremo um novo modelo de exploração dos recursos naturais finitos: Europa e EUA.
O presidente Lula é hoje a maior liderança politica e moral do planeta. Ele, com 77 anos, sabe disso. O que diz é moralmente irretocável. E quando dito, politicamente possível de ser realizado.
Para as duas coisas, é necessário coragem pra fazê-lo. E urgência.
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