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Na Estrada do Pacheco tudo se mistura - por Mário Lima Jr.

Foto do escritor: Jornal DakiJornal Daki

Foto: Reprodução
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É confuso caminhar em qualquer trecho da longa Estrada do Pacheco. Nela se misturam o abandono governamental, a inocência do passado que resiste em São Gonçalo e uma clara tentativa de desenvolvimento comercial e habitacional. Informação demais numa estrada que conta com outras combinações inusitadas, como camelô vendendo salgado na frente de restaurante japonês.



Durante a saída escolar do turno da tarde, quando o trânsito ruim consegue piorar, nenhum lugar em 248 km² de território municipal se compara à diversidade da região cortada pela Estrada do Pacheco. Nem mesmo Alcântara, onde o caos já está estabilizado. Um extremo da estrada é ligado à Estrada Raul Veiga, mais urbanizada e com pelo menos dois prédios comerciais de grande porte. Na outra ponta ela está conectada à Estrada do Sacramento, que lembra a São Gonçalo do passado onde predominavam mercearias e bares humildes. Como a Estrada do Pacheco é uma via de mão dupla, nesse horário o princípio de urbanização e a vida rudimentar se cruzam o tempo inteiro com pais, responsáveis e estudantes de idades diferentes na rua.


Aí que mentes não acostumadas a essa intensidade toda conseguem se acalmar. Quando percebem que os protagonistas da Estrada do Pacheco são os gonçalenses, ao invés de motos barulhentas e imóveis antigos transformados em lojas. Em São Gonçalo o povo não se esconde em casa.



Além das calçadas, alunos das escolas da região ocupam o lado esquerdo do terreno enorme em frente à Igreja de Nossa Senhora da Conceição, construída em 1844 (Histórias e Monumentos). No lado direito do terreno está instalado um circo. Juventude correndo pra lá e pra cá, tesouros históricos e até circo, ou eventualmente parque de diversões, vemos na Estrada do Pacheco. Ninguém passa por ela sem sentir na pele do que São Gonçalo é feita.


Os adolescentes mais velhos se sentam na porta da Igreja pra namorar. Aqueles que só querem conversar ficam no pátio da paróquia, embaixo da sombra das árvores próximas da porta lateral. Quem veio para brincar leva bola e organiza jogos sem tirar o uniforme escolar. Elemento raro longe da área rural, o gigantesco espaço aberto completa a mistura nesse trecho da Estrada do Pacheco. Que além de história, sobrevivência e alegria, inclui beleza.

 

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Mário Lima Jr. é escritor.


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