Mãe de Marielle Franco revive dor da perda e revela que era contra a candidatura da filha
Marinete Silva, mãe de Marielle Franco, foi a segunda testemunha a ser ouvida no julgamento dos assassinos confessos Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, nesta quarta-feira (30). A oitiva, que contou com a presença dos réus, começou com Marinete contando sobre o nascimento da filha, relembrando a criação difícil, marcada pela falta de uma rede de apoio e pelas dificuldades de viver na periferia. Ela detalhou como a vereadora foi criada em um ambiente de muitas privações, mas sempre com amor. Além disso, Marinete revelou que era contra a candidatura da filha.
No depoimento, Marinete relembrou a infância de Marielle, destacando o quanto a filha sempre se preocupou em ajudar a família. Ela contou que a vereadora começou a trabalhar aos 11 anos de idade para contribuir financeiramente em casa. "A parte mais dolorosa é conviver com a falta de uma filha. É um vazio. É minha filha primogênita, que lutei muito para criar. Tiraram um pedaço de mim. Cada vez mais dói muito. A gente não imaginava nunca passar o que a gente passou com minha filha. É um pedaço do meu coração que foi arrancado em 14 de março de 2018", disse.
Marinete afirmou que nunca desistiu de buscar justiça pela morte de sua filha. Ela descreveu como todo o processo tem sido extremamente doloroso, agravado pelo fato de ter enfrentado um câncer nos últimos anos, passando por várias cirurgias enquanto as investigações seguiam. "Eu não estou aqui para falar da Marielle como parlamentar, como símbolo de resistência, mas como mãe, para dizer quem foi a minha filha, tudo que ela lutou, estudou, para chegar onde chegou”, disse Marinete, emocionada.
“Sou uma mãe que está há 6 anos e sete meses lutando por justiça. Foi uma crueldade, imagina saber que alguém planejou a morte da minha filha. Isso não é normal, não é normal no ciclo da vida uma mãe enterrar um filho. Foram muito anos de dor, insistência, foram cinco delegados. Foi muito duro chegar até aqui, mas eu nunca desisti, a defensoria passou a ser uma extensão da minha casa, da minha história com a minha filha", afirmou.
Por conta de sua atuação em defesa dos direitos humanos, Marinete revelou em depoimento que foi contra a candidatura da filha à vereadora. "Eu fui contra, isso era público. Eu não sentia coisa boa no meu coração em relação ao mandato partidário. Eu nunca tive partido, então isso me preocupou bastante”, explicou.
A mãe da vereadora destacou que, embora tivesse essa preocupação, não conseguiu impedir a decisão da filha. “Mas, quem era eu na época para contrariar os desejos de uma mulher de 38 anos? O partido não tinha uma candidata negra e por isso ela foi”, contou.
Marinete foi a segunda testemunha a ser ouvida no julgamento, sucedendo Fernanda Chaves, assessora e única sobrevivente do atentado. Seu depoimento durou cerca de 40 minutos. A defesa dos réus e o júri optaram por não fazer perguntas.
*Com informações O Dia
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