Muvi entrega 'barricada' no meio de calçada no Porto Velho
Obras entregaram calçadas fora da largura mínima exigida por lei e com postes no meio do caminho
Por Cláudio Figueiras
O projeto de intervenção viária batizada de Mobilidade Urbana Verde Integrada (MUVI), que não tem verde e integra nada a lugar algum, agora mostra também que é inimiga da mobilidade, pelo menos num trecho da obra entregue na rua Cmte Ari Parreiras, no bairro Porto Velho, sentido Niterói.
As calçadas estão totalmente fora do gabarito aconselhável de 1,5 metro no mínimo. E pior: com postes no meio do caminho que, em alguns casos, "expulsam" os passantes para o meio da via recém construída onde passam carros, motos e ônibus em alta velocidade.
Calçadas com desníveis, obstáculos e larguras menores que 1,5 metro violam frontalmente a legislação geral sobre mobilidade contida na Lei Federal 10.098/2000 e até o artigo 5º da Constituição Federal, que trata a locomoção como um direito de todos.
As obras, que "vieram fazer uma revolução na mobilidade em São Gonçalo", segundo o governo municipal, se transformaram num pesadelo de acessibilidade para pedestres, principalmente idosos e pessoas com deficiência (PCDs) em geral e, em particular, cadeirantes.
Os obstáculos, também encontrados em outros trechos da obra, funcionam para as PCDs como verdadeiras "barricadas", dessa vez erguidas não por criminosos, mas pelo próprio poder público.
"É lamentável tudo isso. Estão fazendo essa obra sem planejamento, a toque de caixa. Quase explodiram a cidade 4 vezes perfurando dutos de gás, arrancaram árvores e agora isso. Vários trechos fora do gabarito adequado conforme legislação de locomoção. E tudo sem o mínimo de transparência. Esse será o legado do MUVI que as pessoas devem pensar quando estiverem presas no engarrafamento do Barreto", disse José Armando Rincon, morador que filmou as calçadas e enviou para o Daki.
O MUVI, segundo o projeto original, é um corredor viário de 18 quilômetros que ligará os bairros de Neves a Guaxindiba. O projeto inclui a construção de cinco pontes, ciclovia, revitalização de espaços públicos e calçadas.
As obras, orçadas inicialmente em R$ 287 milhões e com previsão de término em 2025, são de responsabilidade do governo do estado que executa o projeto elaborado pela prefeitura.
Veja vídeo.
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