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Museu Rebobina: O museu dos brinquedos gonçalense

Por Sammis Reachers

Uma pequena mostra/Foto: Reprodução


Dizer que os anos oitenta foram uma época mágica é chafurdar no lugar comum. Enquanto a economia se dividia entre a estagnação, a hiperinflação e o colapso, a cultura pop fundava alicerces do que hoje é uma indústria bilionária. E os anos 80 e 90 viram a solidificação de um fenômeno que vinha de outras décadas, mas nelas ganhou toda a sua potência: A indústria de brinquedos (tanto dos EUA quanto do Japão) chegava ao extremo de criar desenhos animados APENAS para vender brinquedos baseados nas tais animações. Mas não eram produções ruins, meros caça-níqueis: eram animações das melhores que já surgiram, que uniam qualidade técnica e narrativa à veiculação de valores morais. Sim, Simpsons ainda estava nascendo no horário noturno e South Park não era nem um sonho na ponta dos baseados de seus criadores.


Naquele tempo pré-internet, a televisão ditava as regras e as fomes, e os programas infantis, que desciam da nave da Xuxa, pegavam o taxi da Angélica e aportavam no Show (da Mara) Maravilha, eram o palco ideal para a veiculação das animações e também para os reclames dos muitos brinquedos que encantaram mais de uma geração.


Voltemos para nossa década de 20 do 21º século. Eu, do alto de meus quarenta e tantos anos, conservava ainda alguns brinquedos e memorabilia daquela época. No objetivo de desocupar espaço e também fazer um dinheirinho, anunciei meus esparsos badulaques na internet, lá nos idos de 2023. E foi assim que conheci um gonçalense arretado: David Araújo.


Em nossas conversas, David me mostrou parte de sua imensa coleção e compartiu seu sonho: criar um museu de brinquedos – e não na capital, sobeja de atrações culturais, mas aqui, em terras gonçalenses. Tarefa hercúlea, pois contar com apoio do poder público é contar com o vento. Mas vontades fortes fundam os sonhos, e há alguns meses David conseguiu: ele inaugurou o Museu Rebobina, um amplo espaço onde são exibidas centenas de peças, e não são apenas brinquedos: brindes, cartazes, objetos, revistas em quadrinho, eletrodomésticos... o museu é uma verdadeira imersão nos anos 70/80/90. Mas nem só: há brinquedos das décadas de 20 e 30 em exposição. 


Embora tão recente, a casa já foi tema de matérias televisivas e virtuais, e o museu – um dos talvez dez museus oficiais de brinquedos do Brasil – já está devidamente cadastrado no repositório governamental Instituto Brasileiro de Museus. 


No último sábado (14/12/24), finalmente pude conhecer o espaço. E que misto, que milk-shake de nostalgia e prazer, espanto e estupefação, com lembranças – e alegrias – desbloqueadas numa sequência homérica, quase atordoante. Do He-Man aos Thundercats, do Pogobol ao Lango-lango, das dezenas de jogos de tabuleiro até o primeiro videogame (o pioneiro Telegojo, da Philco), está tudo lá! E a visita conta sempre com devida assessoria técnica do solícito e simpaticíssimo David.


Um local para visitar e revisitar, sozinho ou com aquele “bonde” de amigos, levando a família e apresentando às novas gerações os brinquedos e itens que fizeram a cabeça do papai, do tio ou do avô.

Eu e David

O museu está localizado na Avenida Presidente Kennedy, 242, bem no centro da cidade (pertinho da Igreja Matriz), e funciona todos os dias (exceto às segundas), das 10 às 17h. A entrada de adulto custa R$ 15,00, e criança paga R$ 10,00. 


Em tempo: Hoje vê-se um certo movimento de rechaço aos adultos que dedicam tempo e dinheiro a brinquedos e games, um movimento que já gerou até termos pejorativos, como é de hábito. Claro, todo excesso, seja de consumo, fé, política ou ideologia (ou trabalho) é pernicioso, e há, sim, aqueles que extrapolam e afogam suas ansiedades (e economias) em tais atividades. Por outro lado, muitos desses tais críticos foram crianças “sem infância”, seja por contingências da vida, pobreza dos pais, trabalho precoce. A estes, um informe:  Permita-se re-sonhar os sonhos um dia castrados. Alivie a carga, permita-se (re)viver.

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Sammis Reachers é Professor de Geografia, História e Bibliotecário, Sammis Reachers gosta mesmo é de industriar livros, já tendo dado ao mundo mais de 70, entre autorais e antologias. Vem ver: https://linktr.ee/sreachers 


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