Mundo animal, por Fábio Rodrigo
Estava perambulando no centro do maior comércio popular da cidade. É lá que as pessoas viram feras para caçar uma novidadezinha. Era final de semana e, como sempre, as ruas estavam cheias. Parecia um grande formigueiro. Fiquei igual barata tonta no meio de tanta gente. Sempre que vou, fico encantado com a variedade de lojas, bares, restaurantes. Pra ser exato, fico igual pinto no lixo.
Comecei olhando as lojas de antiquários. Dava pra encontrar coisas do tempo do onça. Entrei em uma delas, e não havia ninguém. Estava às moscas. Minutos depois veio um senhor com passos de tartaruga para me atender. Tudo o que eu perguntava ele me respondia de primeira. Sabia de cabeça o preço e o ano de cada objeto. Fiquei impressionado com a sua memória de elefante. Tudo era bem caro, por isso tratei de tirar o meu cavalinho da chuva. Fui a outra loja. Essa não estava entregue às traças. Os vendedores eram daqueles que cercam os clientes como aves de rapina quando avistam a sua presa. Lugares assim me deixam com a pulga atrás da orelha. Não pensei duas vezes e piquei minha mula.
Entrei em dezenas de lojas sempre como quem não quer nada. Já era mais de meio-dia, e eu já estava com uma fome de leão. Parei no restaurante, e não demorou muito veio o rango. Me empanturrei de comida. Parecia que tinha comido um boi. Não poderia voltar pra casa sem comprar nada. Ao sair do restaurante, parei na primeira loja que vi. Desta vez, o vendedor me convenceu a levar o produto. Me deixei seduzir pelo canto da saracura. Saí satisfeito com a minha compra. Mas, chegando em casa, tive a infeliz surpresa de saber que tinha comprado gato por lebre.
Fábio Rodrigo Gomes da Costa é professor e mestre em Estudos Linguísticos.