Morre Neilton Mulim, vítima das circunstâncias do seu tempo
Por Helcio Albano

Morreu Neilton Mulim. Estive com ele pessoalmente apenas uma vez quando, já em pré-campanha em 2010, conversamos sobre a necessidade de fomento no setor da Cultura em São Gonçalo. Foi uma pessoa de fino trato, atencioso e cortês. Trazia consigo uma leveza de fala mansa e pausada, próprios de quem vem da área rural. No seu caso, Monjolos.
Essa era a persona física que ficou em minha lembrança quando foi anunciada sua vitória à prefeitura em 2012, contrariando todos os prognósticos.
A persona política de Mulim fui construindo depois, ao longo do seu governo profundamente contraditório e caótico, principalmente no último ano de sua gestão, quando a máquina pública simplesmente colapsou, junto com sua base política na Câmara.
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Lembremos que foi um momento conturbado e intenso no Brasil, de crises política e econômica, não apenas em São Gonçalo, que atravessou toda a sua gestão (2013-16).
Mulim, definitivamente, não teve sorte. De cara, foi atropelado pelos eventos de junho de 2013, justamente naquilo que o elegeu: a promessa de transporte barato. O país inteiro pegava fogo pelos "20 centavos" que depois viraria uma revolta generalizada "contra tudo o que está aí".
Pode-se dizer, ainda, que o prefeito foi a primeira vítima das redes sociais no debate público, fato que o levaria à lona política e eleitoral na cidade.
Sua passagem pela prefeitura, por sua vez, deixou legados importantes nas áreas da Cultura e, particularmente, da Saúde, com robusta expansão.
O homem é vítima das circunstâncias do seu tempo.
Descanse em paz, Neilton Mulim.
Plus
Os tempos de Mulim foram tempos intensos, muito intensos, e isso se refletiu na cobertura jornalística de seu governo.
Há um volume de matérias e artigos enorme em nosso arquivo, tanto digital quanto impresso, que foi digitalizado e pode ser acessado em issuu.com/jornaldaki.
Bônus
Todos os fatos e personagens estão lá: secretários, avanços, retrocessos, omissões, crises e, em especial, os últimos três meses de caos absoluto na cidade.
Bônus-Track
Neilton Mulim, 62 anos, enfrentava um câncer (leucemia) desde 2014. Fez tratamento, teve melhora, mas nos últimos meses a doença voltou com força até vitimá-lo nesta quarta (23), quando veio a falecer num hospital do Rio.
Deixo aqui minhas condolências a amigos e familiares.
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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.