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Milícias apostam no setor imobiliário para avançar no Rio

Investigações mostram que os milicianos que atuam no Rio de Janeiro há décadas expandiram suas explorações financeiras e passaram a investir no setor imobiliário



Foto: Reprodução/Vídeo


Investigações mostram que os milicianos que atuam no Rio de Janeiro há décadas expandiram suas explorações financeiras e passaram a investir no setor imobiliário. O lucro obtido é investido na guerra contra o tráfico.



Invasão de terrenos, construção de prédios e... as conhecidas taxas. O crime se aproveita do que é o sonho de muitos: a casa própria. Um terreno vazio já é um motivo de disputa entre milicianos.



“Eles potencializam os ganhos financeiros deles a um patamar muito elevado. Depois de fazerem as construções irregulares do solo urbano, ainda passam a ganhar mais com taxas, exploração de serviços, então é um ciclo vicioso muito lucrativo para essas facções criminosas”, explica o delegado Gustavo Rodrigues.



Diversas comunidades, inclusive, já nascem sob o domínio do crime organizado, como mostra a delação premiada do Ronnie Lessa, preso por matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.


Lessa citou um terreno em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, que, segundo ele, foi prometido pelos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, que foram presos como mandantes do crime.


De acordo com a delação, os irmãos consideraram a vereadora uma pedra no caminho para a expansão dos negócios. O problema fundiário no Rio favorece a exploração ilegal do solo, segundo especialistas, enquanto a falta de fiscalização facilita a construção irregular.


Uma força-tarefa do Ministério Público e da prefeitura tenta frear o problema. Uma construção foi interditada no Recreio dos Bandeirantes há oito meses.


Com sete andares, não se sabe mais quantos pavimentos teria a edificação, já que nunca houve permissão da prefeitura para a obra – que fica em uma área valorizada, perto da praia.


Segundo investigações, o empreendimento renderia cerca de R$ 13 milhões ao crime organizado. Em alguns prédios, moradores seriam usados como fachada pelos milicianos para impedir a demolição.


A equipe de reportagem tentou falar com os moradores, que se esquivaram das perguntas e negaram envolvimento da milícia.


Além de construir, as investigações dão conta que os milicianos exigem taxas de obras legalizadas e até mesmo das prefeituras.


Uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público, no ano passado, revelou que grandes empreiteiras eram obrigadas a pagar valores mensais por obras em andamento.


“A extorsão em relação à construção de obras, sobretudo em locais onde há uma explosão nesse tipo de atividade, é uma observação que é constatada, é preocupante e muitas vezes o que se tem observado inclusive é o grau de temor que se tem incutido a ponto de os cobradores não mais necessitarem de ir armados até a vítima", explica o promotor de Justiça e coordenador do Gaeco, Fábio Côrrea.


*Com informações G1


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