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Lá vem o Sol

SÃO GONÇALO DE AFETOS


Por Paulinho Freitas



Foto: Pixabay
Foto: Pixabay


Maria Otá  nasceu no interior de São Paulo, fruto de um romance entre a filha de um trabalhador rural e o filho de um fazendeiro. A vida nunca foi fácil para ela. O pai teve um infarto fulminante com apenas vinte e sete anos, quando sua mãe nem sabia que estava grávida. A mãe foi expulsa de casa, como infelizmente, ainda acontece pelo interior desse nosso querido país nestes casos. A família do pai não quis saber nem da mãe e nem dela. Saíram as duas, mundo à fora sem lenço, documento e destino.  


Depois de muitos sustos e sufocos, com a ajuda de Deus chegaram a São Gonçalo e ficaram, de favor, na casa de uma tia distante, quase uma desconhecida que deu abrigo, mas a mãe tinha que colaborar nas despesas e teve que trabalhar, fazia qualquer coisa, doméstica, diarista, cozinheira etc., enquanto isso, Maria Otá ficava com os primos e primas, que a faziam de brinquedo e chacota, apesar de tão pequena... 


O tempo passou, agora Maria Otá já estava com treze anos e moravam numa casa de aluguel. A mãe saía para trabalhar e ela ficava sozinha em casa. Numa tarde ao ir à padaria viu um rapaz lindo, se apaixonou e não sossegou até conseguir atraí-lo, conquistá-lo, possuí-lo... 


Com apenas treze anos viu-se grávida como sua mãe, iludida como sua mãe e abandonada pelo amor de sua vida, como sua mãe. 


A história dessa vez foi diferente. Ela teve o amparo de sua mãe, o menino nasceu com problemas no intestino, teve que sofrer uma cirurgia e quase não vingou, ela venceu mais uma. 


Aos quinze anos se apaixonou mais uma vez, se iludiu mais uma vez, se entregou mais uma vez e mais uma criança veio ao mundo. Este novo amor a levou para casa, um lar só dela. Mais três filhos, ela estava feliz, realizada. O marido fazia carvão e ela catava madeira no mato para pôr no forno, uma vida muito sofrida, mas ver os pequenos alimentados e sadios não tinha preço. 


Mas, como diz uma velha piada, “a vida é uma caixinha de surpresas” e este novo amor contraiu o vício maldito das drogas, a abandonou com cinco filhos e alguns meses de aluguel atrasados. 


De volta a casa da mãe, destruída e sozinha não teve outra alternativa, teve que deixar os pequenos na casa de conhecidos que se dispuseram a cuidar deles e se lançou ao trabalho. Maria Otá hoje tem trinta e cinco anos, por incrível que pareça já tem um netinho, dois filhos vieram morar com ela. Apesar de não ter o corpo que a sociedade entenda como desejável pelos homens, faz deles gato e sapato, tem uma alto estima nas nuvens e é a alegria em pessoa, do tempo de sofrimento nem lembra. 


Maria Otá é exemplo para todos nós, nada está perdido enquanto se tem esperança, fé e força de vontade. Ela está naqueles dias nublados de problemas sem Solução e quando menos se espera... LÁ VEM O SOL!!!! 

 

Ah meu São Gonçalo! Protegei os filhos de sua Terra! 


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Paulinho Freitas é sambista, compositor e escritor.

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